A qualidade do crédito do consumidor no Brasil obteve no terceiro trimestre de 2009 o menor valor desde 2007, quando começou a série histórica, de acordo com a Serasa Experian. O Indicador Serasa Experian de Crédito do Consumidor assinalou declínio de 0,8% no trimestre passado, em relação ao segundo trimestre. Segundo a empresa, a diminuição foi causada pelos resultados defasados da crise econômica mundial sobre as condições de patrimônio das famílias, sobretudo no que se refere ao mercado de trabalho, e pelo descompasso entre a alta do endividamento e a massa real de rendimentos.
No período entre julho e setembro deste ano, o índice de qualidade do crédito do consumidor alcançou o nível de 78,2. O indicador analisa a qualidade do crédito em uma linha graduada de zero a 100, sendo que quanto maior a escala, melhor o valor. Logo, menor é o risco de inadimplência no caso de o consumidor pedir crédito. Conforme a Serasa Experian, a redução do índice pode restringir a alta do crédito no curto prazo.
Sobre as causas da queda do índice, os técnicos observam que a média de desemprego deste ano ainda é maior à observada no ano passado (8,6% de janeiro a agosto de 2009 ante 8,2% no mesmo período de 2008, de acordo com o IBGE). Sob a perspectiva conjuntural, afirmam os analistas, a atual retomada das vagas com carteira assinada, segundo mostram os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, deve agir para reequilibrar a situação financeira das famílias, sobretudo as de menor renda.
Em relação aos rendimentos dos trabalhadores, os especialistas lembram que, no acumulado dos oito primeiros meses deste ano, conforme a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, a massa nominal de rendimentos subiu somente 3,9% enquanto o saldo dos empréstimos bancários concedidos às pessoas físicas aumentou 12,5%, segundo o Banco Central (BC), configurando uma falta de compasso. Para a Serasa, a alta do endividamento contribui para aumentar o risco sistêmico do crédito.