O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, avaliou que o resultado fiscal apresentado nesta sexta-feira, 3, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega é ruim, apesar de cumprir a meta estabelecida pelo governo. “A meta foi cumprida do ponto de vista numérico. Mas a qualidade da situação fiscal é péssima, porque ela só foi atingida por causa de receitas extraordinárias não recorrentes arranjadas no fim do ano”, disse, referindo-se aos valores arrecadados com o leilão do campo de Libra, com a antecipação de dividendos e com o Refis – programa de refinanciamento de dívidas tributárias do governo federal.
Mantega anunciou que o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) fez um superávit primário de aproximadamente R$ 14 bilhões em dezembro, o que resultou em quase R$ 75 bilhões no ano, acima da meta de R$ 73 bilhões. Segundo Serrano, em 2014 o quadro fiscal será ainda mais desafiador, já que a atividade não está crescendo no ritmo esperado, o que prejudica a arrecadação, e será difícil repetir o volume de receitas extraordinárias. “O governo terá um desafio maior de controlar gastos, principalmente de custeio, que em 2013 aumentaram muito e ficaram inclusive acima dos investimentos federais”, disse.
Serrano avalia que o Brasil não deve ter sua da nota de classificação de risco rebaixada pelas agências internacionais em 2014, pois a sustentabilidade da dívida pública brasileira, segundo ele, ainda é favorável. “Mas, se a situação fiscal não for revertida e o país continuar com crescimento baixo e inflação alta, esse rebaixamento pode acontecer em 2015.”