O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) Samuel Pessoa disse que o Brasil tem pela frente um problema fiscal “extremamente sério” e que o CDS (Credit Default Swap, na sigla em inglês), que mede o risco do País, está apenas “contando esse problema”.

continua após a publicidade

Pessoa disse ainda, em palestra nesta sexta-feira no 7º Congresso Internacional de Mercado Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&FBovespa, que um dos problemas do País foi a “qualidade da desaceleração da economia no Brasil”, segundo ele “desastrosa”.

O pesquisador avalia que houve uma desorganização da capacidade da oferta no Brasil, o que explica a queda da capacidade produtiva. “Essa é a característica maior da nossa desaceleração até a passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, depois disso a queda passa a ser queda de demanda”, disse. Segundo ele, esse recuo da demanda é necessário no sentido de colocar a inflação dentro da meta.

Segundo ele, a desaceleração maior do Brasil em relação a outros países, muito influenciada pela desorganização da oferta que ocorre por aqui, deve-se a um “desastre na política microeconômica”, principalmente após a crise de 2009 e com um aumento da presença do Estado interventor. Pessoa disse que houve escolha de alguns setores para que eles pudessem crescer.

continua após a publicidade

“Ao fazer isso, com política de desoneração, de microeconomia de péssima qualidade, reduzimos o crescimento da produtividade”, afirmou, lembrando que as empresas passaram a ter dificuldade em gerar caixa e acabaram se endividando. Parte desse aumento do endividamento ocorreu porque o setor público acabou emprestando de forma subsidiada. “Os empresários não se endividaram apenas baseados em decisões privadas”, disse.