PT atende empresários; ICMS deve ter teto de 25%

Brasília – O governo deve atender parte das reivindicações do empresariado para viabilizar a votação da reforma tributária. Entre os principais pontos acertados está a fixação de um teto de 25% para a alíquota de ICMS e a prorrogação da CPMF por quatro anos. Esses itens foram discutidos ontem pela manhã entre um grupo de empresários e a comissão de deputados encarregada de negociar a reforma tributária. Após a reunião, deputados e empresários sinalizaram que o entendimento entre eles está mais fácil de ser conseguido do que com os governadores.

As reuniões realizadas ontem na Câmara dos Deputados com representantes do setor empresarial, das centrais sindicais e dos prefeitos deverão fechar o ciclo de negociações para a votação da reforma tributária no plenário da Casa, hoje. Além de obter o apoio das bancadas do Norte, do Nordeste, de São Paulo e da sua própria base aliada, o acordo deverá permitir a votação favorável dos deputados ligados ao setor empresarial.

“A base de entendimento se ampliou, acho que avançamos muito nesta manhã. Conseguimos, principalmente, fechar as portas que estavam abertas para um possível aumento de carga tributária e fixar um alíquota máxima para o ICMS”, disse a jornalistas Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o relator da reforma, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), a alíquota máxima de ICMS deve ser fixada em 25%. A média das alíquotas giraria em torno de 18%. Pelo texto aprovado na comissão especial da Câmara, a legislação do ICMS é unificada com a reforma e a decisão sobre as futuras alíquotas ficará com o Senado, enquanto os produtos serão definidos por órgão colegiado representativo dos estados (um novo Confaz).

“Tenho certeza que estamos caminhando para um desfecho a curto prazo. Todos os pontos têm que ter a aprovação dos partidos, mas acredito que será possível alcançar esse entendimento até amanhã (quarta-feira)”, disse o relator.

Rolo

Ontem pela manhã, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, esteve no Congresso e reafirmou que o governo quer votar o primeiro turno da reforma no plenário da Câmara hoje, com ou sem acordo.

Segundo Virgílio, isso não significa que o governo tente utilizar o chamado “rolo compressor” para conseguir votar a emenda constitucional.

“Não há hipótese de rolo compressor, justamente porque estamos trabalhando para buscar um consenso. Se fosse rolo compressor, não haveria tantas negociações”, disse Virgílio Guimarães.

Segundo o deputado Paulo Bernardo (PR), vice-líder do PT e membro da comissão da reforma tributária, um dos pontos que favoreceram o entendimento com os empresários foi a revogação pelo governo de medida provisória que trancava a pauta da Câmara a partir desta terça-feira. A MP remanejava cargos da Agência Nacional de Águas.

Com a revogação, a Câmara fica livre para iniciar as discussões sobre a reforma ainda nesta tarde. Os empresários entenderam a atitude como uma sinalização de que há predisposição do governo para a votação.

Segundo Paulo Bernardo, outros pontos reivindicados pelos empresários ainda têm que ser discutidos com o governo, mas não são fundamentais para a construção do texto final. Os empresários querem acabar com a progressividade do ITBI (Imposto sobre Transferência de Bens Imóveis) e pedem que o imposto sobre heranças possa ser progressivo, mas não obrigatoriamente.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo