Protestos pesam na desaceleração do IPCA, diz IBGE

A onda de protestos no País teve um grande peso na desaceleração do ritmo de alta da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho. A avaliação é da coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. As manifestações obrigaram muitos comerciantes a fecharem as portas. O IPCA subiu 0,26% em junho, após ter registrado alta de 0,37% em maio.

Segundo ela, para compensar as perdas e desovar os estoques que subiram em junho, os comerciantes baixaram preços. “Junho foi um mês atípico. O consumo já estava retraído”, afirmou.

Eulina ressaltou que os protestos aconteceram em um momento já propenso a retração no ritmo de alta do preço dos alimentos. Ela citou como fatores o consumo mais reduzido das famílias, a entrada da safra agrícola, que aponta para um crescimento de 15% na produção sobre o ano anterior. “Os alimentos têm um peso muito importante no orçamento das famílias”, completou.

Segundo Eulina, os gastos com as tarifas de ônibus urbanos foram os que mais puxaram a inflação medida pela IPCA de junho. A pressão ocorreu apesar de várias Estados terem suspendido no final do mês os reajustes de preços por conta da onda de protestos no País. Em junho, os ônibus subiram 2,61%, contra uma retração e 0,02% em maio.

Sem esse item, o índice teria variado 0,19% e não os 0,26% registrados pelo IBGE, segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

A técnica explicou que os reajustes no Rio de Janeiro, São Paulo e Goiana valeram na maior parte do período de coleta do índice. A expectativa é de que a suspensão tenha uma influência maior na taxa de julho.

A estimativa é que os gastos com ônibus urbanos apurem uma retração entre 3% a 5% na taxa de julho após a onda de protestos ter obrigado estados e municípios a suspenderem reajustes nas tarifas. “Uma contribuição importante para baixo será os ônibus urbanos. Esse é um item com peso grande no orçamento das famílias”, lembrou.

A previsão é que os gastos com ônibus urbanos no Rio registre uma queda de 5%, de 4,5% em São Paulo, de 3% no Recife, 3% em Curitiba e 5% em Goiânia.

Segundo Eulina, a suspensão de aumentos de trem e metrô também jogará para baixo o IPCA. Eulina projeta que as despesas com passagens de trens vão cair 5% no Rio e 4,5% em São Paulo. Já aos gastos com tarifas de metrô irão baixar em 6,5% no Rio e 4,5% em São Paulo.

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