Produtores rurais do Paraná que estão mobilizados há quase duas semanas – em algumas regiões, os protestos começaram no dia 7, mas engrossaram na última terça-feira – devem dar uma trégua neste final de semana. É o que deve ocorrer em Maringá, uma das regiões que concentra o maior número de bloqueios em estradas.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Borghi, os protestos param hoje e amanhã, mas retomam na segunda-feira. ?No final de semana, devemos dar uma trégua?, avisou. Ontem, das cinco rodovias que dão acesso ao município, apenas uma estava bloqueada – a que liga Maringá a Paranavaí. No dia 16, durante o megaprotesto, todas foram interditadas com tratores e colheitadeiras, e a passagem dos veículos era liberada apenas em intervalos.
A trégua, porém, não é uma regra geral, lembrou Borghi. ?Como não há liderança e as manifestações são espontâneas, cada região decide o que fazer. Mas já ouvi que em alguns locais a posição é mesma da nossa?, comentou. É o caso de Rolândia, onde os agricultores decidiram ontem, em assembléia, também suspender a manifestação durante o fim de semana. ?Vamos guardar o fôlego para a semana que vem?, disse Moacir Canônico, presidente do Sindicato Rural de Rolândia. Segundo ele, a mobilização ?já não está mais surtindo o efeito desejado?. ?A população começa a se incomodar. Continuar não é inteligente?, afirmou.
Indignação
A indignação tomou conta da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) ao tomar conhecimento, no início da noite de ontem, de que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria chamado de ?cretinice? as ações de alguns representantes do setor rural. ?Mostra que ele desconhece a situação econômica do País e da agricultura?, disse o assessor da entidade, Carlos Augusto Albuquerque, afirmando reproduzir o pensamento do presidente Ágide Meneguette. ?É mais uma frase infeliz, que volta e meia ele solta ao falar de coisas que não conhece?, completou.
De acordo com a Faep, com essa declaração, tem-se a impressão de que o presidente estaria desautorizando os ministros da Agricultura, Planejamento e Fazenda, que foram nomeados por ele, para estudar uma saída para a crise. ?As medidas são para esses agricultores que ele critica?, acentuou Albuquerque, para depois acrescentar: ?Qual a verdadeira posição do presidente? Ele está desautorizando os três ministros que mandou estudar o assunto ou foi somente um teatro??. (Lyrian Saiki e AE)