Protesto pede fim de uso indevido de ?rapadura?

Rio (AE) – O Itamaraty está buscando uma solução consensual com a empresa que registrou indevidamente a marca rapadura na Alemanha, mas admite recorrer à Justiça caso não chegue a um acordo. Ontem, no Rio, um grupo de representantes da Feira dos Nordestinos, que reúne mais de 600 comerciantes, fez uma ruidosa manifestação na frente do Consulado Geral da Alemanha, com um carro de som e um conjunto com sanfona, zabumba e triângulo.

A manifestação tinha cerca de 15 pessoas e cartazes que diziam ?A Rapadura é nossa, cabra da peste?, ?Alemanha, patentear os produtos dos outros é muita moleza, rapadura é doce, mas não é mole.?

O presidente do Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, Agamenon de Almeida, disse que o movimento foi para defender a cultura brasileira. ?Daqui a pouco, vão patentear o queijo de coalho, o queijo-de-minas e a Amazônia?, chegou a comentar. A Feira, em São Cristóvão, reúne 150 mil visitantes por fim de semana.

Os brasileiros consomem em média 153 gramas de rapadura por ano, mais, por exemplo, do que se come de chocolate em tablete (116 gramas), conforme estatística da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). O consumo do produto típico nordestino é o dobro (314 grama per capita) nas famílias com renda mensal abaixo de R$ 400. No Ceará, onde existe até sorvete de rapadura, o consumo chega a 1,1 quilo por pessoa.

Um diplomata do Itamaraty explicou que no ano passado foi enviada uma solicitação à empresa, chamada Rapunzel, solicitando a desistência voluntária da marca, porque este registro pode ser potencialmente prejudicial a produtores brasileiros. Um advogado da empresa respondeu que o assunto está sendo analisado. Paralelamente, escritórios de advocacia na Alemanha estão sendo consultados sobre a possibilidade de pedir a anulação judicial da marca.

A manifestação em frente ao consulado começou às 11hs e terminou às 13hs. ?Apesar do barulho, é uma manifestação pacífica, de certa forma, até amigável?, comentou o chefe do setor de economia do consulado, Klaus Müllers. O representante foi conversar com os manifestantes, explicou que o problema não poderia ser resolvido lá e chegou a provar um pedaço de rapadura. ?É muito doce?, comentou depois.

Müllers explicou que situações semelhantes já ocorreram com os alemães. Ele conta que no fim do anos de 1990 a cerveja Bavária foi lançada com um desenho da Baviera no rótulo. O consulado notificou o governo da Baviera, que recomendou a tentativa de uma solução amigável. Foi feito um acordo e depois que os rótulos impressos no formato anterior terminaram, o desenho do Estado da Alemanha, famoso pelas cervejas, deixou o rótulo.

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