Uma operação padrão dos trabalhadores avulsos do Porto de Paranaguá, no litoral do estado, iniciada ontem pela manhã, e a suspensão de quatro ordens de serviço feitas pelo Conselho de Autoridade Portuária de Paranaguá (CAP), também no porto, já resultam em uma fila de caminhões na BR-277 que chegava a 19 quilômetros ontem à noite. As duas medidas paralisaram as operações de embarque de soja no porto.
De acordo com a assessoria do local, as ordens de serviço regulamentam a logística para descarga de grãos, ou seja, os caminhões só podem descarregar se houver um navio atracado, para que o produto não fique parado. Sem as ordens (que exigem nominação das cargas para os navios atracados no cais comercial), os operadores portuários estão mandando os veículos para o pátio, sem garantia do destino da carga. Segundo a assessoria, a operação padrão está contribuindo com a fila.
Durante a operação padrão, os funcionários do porto estão atendendo apenas dois caminhões por hora, enquanto o normal seriam 70 caminhões. Os trabalhadores avulsos são subordinados ao Órgão de Gestão de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto (Ogmo), com o qual a reportagem entrou em contato, ontem, mas não obteve retorno. Entre eles estão incluídos os estivadores, vigias, arrumadores, consertadores, bloco e conferentes. Segundo informações da Agência Estado, quatro shiploaders, que fazem o transbordo da soja dos armazéns para os navios, pararam de operar ontem pela manhã. As ordens de serviço suspensas foram a 45/2006, a 68/2006 e as 54 e 55/2007.
Os sindicalistas, por sua vez, afirmaram que o principal motivo da operação padrão é a carga horária destes funcionários. O presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá, Arivaldo Barbosa José, disse que o Ogmo não está cumprindo a legislação que determina que os trabalhadores devem cumprir a carga horária de 6 horas por 11 de folga, além dos horários excepcionais. Segundo José, eles estão tendo que fazer 6 por 18. ?O 6 por 11 já é difícil, pois o avulso não trabalho com vínculo empregatício, ganha pelo quanto produz. Ou seja, tem horas que ele fica parado e aí não compensa. Sem falar que o número de trabalhadores é calculado com base no 6 por 11?, reclamou. Os sindicalistas também reclamam que os trabalhadores não têm direito ao complemento salarial quando não atingem o teto.
A Ecovia, concessionária que administra o trecho da BR-277 entre Curitiba e o litoral, pede cuidado aos motoristas que utilizarem a estrada no sentido Paranaguá, uma vez que os caminhões estão parados no acostamento.