Seis mil balões brancos e verdes foram soltos, ontem, em frente a agência do Itaú na Rua Quinze de Novembro, centro de Curitiba, para simbolizar as 6 mil demissões que ocorreram no antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná) após a sua privatização. A iniciativa foi do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, que também queria marcar com o ato os dois anos da venda do banco estatal.
A presidente do sindicato, Marisa Stédile, relembra que foi em 17 de outubro de 2000 que o Itaú arrematou em leilão o Banestado, pagando por ele R$ 1,6 bilhão, valor considerado baixo pelo patrimônio. Na transação o Itaú também ficou com os 500 mil clientes do Banestado, as contas do governo por cinco anos, e ainda levou 20% das ações da Copel em títulos precatórios. “O Banestado foi inteiramente doado ao Itaú”, disse a sindicalista. Segundo ela, o Estado saiu perdendo porque ficou com uma dívida junto do governo federal de R$ 4,2 bilhões para pagar em trinta anos. Essa diferença é o empréstimo que o governador Jaime Lerner fez para “sanear” o banco, mais de R$ 5 bilhões, e o valor pago pelo Itaú.
Mas a pior situação, ponderou Marisa Stédile, foi a demissão dos 6 mil funcionários, cerca de 4 mil diretos e 2 mil tercerizados. “Esses balões que soltamos hoje simbolizam os empregos que foram para o espaço com a privatização”, comparou a sindicalista. Ela acrescenta que as demissões no sistema bancário no País já chegam a vinte mil postos, tudo provocado pela passagem dos bancos públicos para o setor privado. Segundo Marisa, poucos trabalhadores foram absorvidos por outras instituições, sendo que a maioria continua desempregada. “Muitos tem mais de 40 anos e não conseguem vagas no mercado de trabalho. Alguns estão sofrendo de depressão ou outros problemas pela dificuldade de se adaptar à nova realidade”, finalizou Marisa.