O protesto dos produtores rurais contra a crise no campo, promovido ontem em alguns estados, não atingiu o Paraná. Segundo informações das polícias rodoviárias estadual e federal, nenhuma rodovia foi bloqueada ontem no Estado até o final da tarde.
Já os agricultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás promoveram ontem bloqueio nas estradas para impedir o escoamento da safra de grãos. O movimento dos produtores rurais, batizado de Grito do Ipiranga, começou no dia 18 de abril no norte do Mato Grosso e já atinge mais de 50 municípios nos quatro estados.
Os produtores rurais protestam contra o dólar baixo, o alto preço do óleo diesel e a falta de auxílio do governo federal para combater a ferrugem asiática que atingiu a lavoura de soja. Pedem também a reestruturação da dívida dos produtores com o Banco do Brasil e multinacionais como a Bunge, ADM e Cargill, além de fornecedores de insumos.
?O nosso negócio precisa voltar a ser viável?, disse Ricardo Tomczyk, diretor administrativo da associação dos produtores de soja do Mato Grosso. ?Não adianta só prorrogar as dívidas.? Os produtores propõem a criação de um diesel agricultura, isento de impostos e garantia de preços mínimos superiores aos atuais. Tomczyk prevê que a área plantada do estado terá uma redução de 40% na próxima safra.
Em São Gabriel do Sul, Maracaju, Chapadão do Sul e Dourados, no Mato Grosso do Sul, os armazéns de grãos já estavam bloqueados e as saídas para Goiás e São Paulo seriam fechadas ontem. Na Bahia, o bloqueio estava previsto na cidade de Rosário, para impedir o escoamento da safra da região de Luis Eduardo Magalhães e Barreiras.
O eixo Sinop-Nova Mutum da BR-164, de onde vem quase 10% da safra brasileira de grãos, está fechado desde o último dia 24. Segundo José Paulo Gonçalves, agricultor de Primavera do Leste, a produtividade da região caiu de 52 sacas de soja, por hectare, para 37. Como a produção ficou muito abaixo do esperado, estão todos endividados com as tradings, com as quais tinham comprometido a safra em troca de adubos e defensivos. ?As fazendas não são mais nossas e viramos todos funcionários sem carteira registrada da Bunge, Ceval, Cargill.?
