Brasília – O protesto realizado nesta quinta-feira de estudantes e trabalhadores contra a escalada dos juros básicos da economia (Selic) na sede do Banco Central (BC), em Brasília, reuniu cerca de 1,5 mil pessoas de acordo com a Polícia Militar. E apesar da segurança reforçada, manifestantes conseguiram jogar na fachada do prédio tinta, canos de PVC e garrafas d’água.
O ato "Menos juros, mais desenvolvimento", que teve início às 10h, foi organizado pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e teve a participação de entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e União Nacional dos Estudantes (UNE). Em seus dois últimos encontros, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto porcentual cada, para os atuais 12,25% ao ano. A CMS é ligada à CUT. A maioria dos participantes era, no entanto, estudantes das cidades satélites de Brasília, como Taguatinga e Ceilândia.
O protesto sujou parte da fachada do banco com manchas e inscrições nas cores verde e amarela. Segundo a Polícia Militar, cerca de 1,5 mil pessoas participaram da manifestação. Durante o protesto, policiais agiram para evitar mais estragos na fachada do edifício.
Um grupo de cerca de dez PMs caminhou em meio aos manifestantes no momento em que estudantes escreviam palavras contra o BC e jogavam tinta nos vidros do prédio. Apesar de canos e garrafas terem sido arremessados, nenhum vidro foi quebrado e ninguém ficou ferido.
Gritando palavras de ordem contra a política monetária e o presidente do BC, Henrique Meirelles, os manifestantes pediam a redução da taxa básica de juros, a Selic, e o aumento das verbas para a educação. "Estudante quer estudar, mas Meirelles não quer deixar", repetiam os manifestantes.
O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, disse que manifestações semelhantes ocorreram em frente às sedes regionais do BC em capitais do Norte e do Nordeste do País. "Viemos marcar posição contra a política de juros altos praticada pelo BC e contra os empresários que têm especulado com o aumento de preços diante da expectativa de que a inflação pode subir", disse o sindicalista.
Artur Henrique concorda que a inflação é ruim para o trabalhador porque diminui o poder de compra dos mais pobres, mas discorda da estratégia para evitar o aumento dos preços. Para o presidente da CUT, ao invés de aumentar os juros, o governo deveria retomar a política de estoques reguladores de alimentos, ampliar a reforma agrária e o programa de agricultura familiar, além de agir contra empresários que aumentam preços.