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O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, afirmou que respeita as reivindicações dos movimentos sociais, mas que "a propaganda do barulho é muito maior do que o barulho em si". Ele comentava a decisão dos sem-terra e de outros movimentos sociais de intensificar, neste ano, ações de protesto contra a lentidão do programa de reforma agrária, o avanço do agronegócio e o uso de sementes geneticamente modificadas no País.

Como forma de protesto, o Movimento dos Sem-Terra (MST) promete intensificar ocupações e marchas pelo País entre os dias 10 e 17 de abril. Além disso, haverá protestos contra a Organização Mundial do Comércio (OMC). A Via Campesina, rede internacional que reúne representantes de pequenos agricultores e sem-terra, deve liderar as ações.

Lopes de Freitas admitiu ontem que esse posicionamento afeta o humor dos agricultores e cria um clima de insegurança no campo. "Um notícia como essa é ruim, pois coloca em risco um segmento que tem sido o propulsor da economia e um dos motores do desenvolvimento do País", comentou. Mas ele considerou que não haverá redução de investimentos no agronegócio. "O produtor vai esperar para ver o que acontece. Não podemos parar a produção. Vamos continuar trabalhando", avaliou.

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Para ele, o posicionamento dos sem-terra serve de "pressão política" para forçar o governo a redistribuir terras. "Concordo com a reivindicação, mas não com a invasão ou ocupação de terras. As liberdades precisam ser respeitadas", disse ele, que produz café no interior de São Paulo.

Para o dirigente da OCB, ao protestar contra o avanço do agronegócio, os pequenos agricultores ligados à Via Campesina "dão um tiro no próprio pé". "Todos fazem parte do agronegócio", comentou. A OCB reúne 7.519 cooperativas em todo o País. Desse total, 1.620 são cooperativas agrícolas. De acordo com o dirigente, 93% dos produtores ligados a cooperativas agrícolas têm propriedades inferiores a 100 hectares, ou seja, são considerados pequenos.

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