São Paulo (AE) – A indústria paulista observa com atenção a nova ofensiva dos argentinos, que voltaram a pedir a imposição de cotas, desta vez para calçados brasileiros. A Argentina é o segundo maior parceiro comercial do Brasil (US$ 7,4 bilhões no ano passado) e, por isso mesmo, é um mercado que desperta muito interesse dos brasileiros. "Os empresários pensam muito em exportar hoje em dia, e a Argentina é sempre o começo, pois o Mercosul nos dá o direito de vender a eles sem barreiras", diz o empresário Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A importância da Argentina para o comércio exterior brasileiro faz com que os empresários mantenham o apoio ao Mercosul, em consonância com o governo, que tem dado prioridade ao bloco em sua política externa. "As relações estão tensas, mas não estremecidas", diz. No entanto, segundo Giannetti, a defesa da Argentina contra as exportações brasileiras em alguns setores (calçados, linhas branca e marrom, têxteis, por exemplo) é "incompreensível". Primeiro, argumenta o diretor da Fiesp, a Argentina não tem as deficiências macroeconômicas do Brasil. O câmbio deles é mais favorável à exportação que o brasileiro e a carga tributária é inferior à praticada no País (20% do PIB contra quase 40% no Brasil). "Isso os coloca em vantagem em relação ao Brasil. Nós temos pressões tributárias e logísticas", observa o empresário.
Giannetti diz, ainda, que é falsa a argumentação dos argentinos de que o Brasil subsidia sua produção. "O que eles precisam é investir para enfrentar a concorrência, é enfrentar um choque de competitividade, assim como o Brasil já enfrentou", sugere.
A indústria paulista defende correções no Mercosul, como a integração competitiva das cadeias produtivas, o fim da bitributação da Tarifa Externa Comum (TEC) e a redução no número de produtos da lista de exceções.