A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse há pouco que a proposta do Reino Unido para a saída da União Europeia (Brexit) será divulgada no início de 2017. Ela fez a afirmação durante sua apresentação ao Commons Liaison Committee, do Parlamento, e está sendo muito pressionada neste momento. Além da agenda de negociações, os membros do comitê querem saber se o Parlamento votará sobre o acordo com o bloco europeu e quais suas metas numéricas para a imigração.
Theresa disse que o objetivo é que as negociações não durem mais de dois anos, que está à procura de um novo relacionamento com a UE e que não está no foco agora falar sobre quais partes do bloco o Reino Unido pretende manter. Durante o encontro, ela disse que serão “necessárias” mudanças práticas para os negócios no pós-Brexit e que uma grande lei em vigor será revogada quando o Reino Unido deixar a UE. Além disso, citou que a união aduaneira é uma questão “complexa” e que a fase de implementação do Brexit após invocar Artigo 50 – o que oficializa o início das negociações – precisa ser discutida.
A primeira-ministra também disse que o país não voltará às fronteiras do passado e, sobre a possibilidade de a Escócia querer se desligar do Reino Unido no caso de não concordar com as negociações, ela ressaltou que “uma Escócia independente não seria também um membro da União Europeia”. “Não vamos voltar às fronteiras do passado”, afirmou.
Imigração tensa. Um dos momentos mais tensos até agora foi quando o assunto da imigração foi tratado. Por várias vezes, Theresa foi questionada sobre números e metas que desejaria atingir com o Brexit. Em nenhum momento até agora, ela forneceu dados. “A imigração é uma entre várias questões em jogo”, minimizou, acrescentado que assim que acreditar que é a hora certa, mostrará seu plano sobre imigração. “Os números da imigração não são uma ciência exata”, argumentou.
Quando foi confrontada novamente a respeito de números, a primeira-ministra disse que “será a que for a melhor escolha para o Reino Unido” e ressaltou que o governo trabalha com base em dados que mostram o impacto da imigração para a economia, por meio de informações estatísticas. “O voto de 23 de junho deixou claro que a população quer a gente tome conta disso”, disse ela sobre o plebiscito que decidiu pelo Brexit.
Theresa afirmou que o governo terá sua meta de reduzir o volume atual, mas disse que fará isso no futuro e salientou que não apresentaria um número agora porque há muitos fatores por trás da imigração. “Há muitos fatores que levam as pessoas cruzarem o mundo para vir morar no Reino Unido”, observou. A primeira-ministra foi questionada ainda mais uma vez sobre o tema e mais uma vez não respondeu de forma direta. “Vamos tomar decisões sobre o acordo todo. Não é possível dizer sobre apenas um aspecto, o Brexit é muito maior do que isso, do que os números de imigração”, salientou.
Questionada sobre se haverá mudanças para a entrada de estudantes no Brasil, ela apenas disse e repetiu em seguida mais algumas vezes que o Reino Unido usa a definição internacional para imigração. (Célia Froufe, correspondente – celia.froufe@estadao.com)