O medo de uma nova disparada nos preços do barril de petróleo fez com que a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) entrasse em cena. A promessa de que os países integrantes vão aumentar a produção fez, ontem, com que a cotação do produto retrocedesse. No fechamento do mercado, o barril de petróleo cru leve para entrega em julho (de referência), negociado em Nova York, estava em queda de US$ 2,37, para US$ 39,96, devolvendo parte da valorização de 6,1% de anteontem com os temores de que grupos terroristas passem a atacar, sistematicamente, instalações petrolíferas. Ficou, de novo, abaixo da barreira simbólica dos US$ 40 o barril.
Durante a jornada de ontem, o petróleo chegou a atingir nova marca recorde de US$ 42,45, mas retrocedeu com os investidores desfazendo-se de posições já valorizadas. De acordo com operadores, a realização de lucro acontece devido à promessa de ministros da Opep de aumentar a produção, um dia antes da reunião do cartel, em Beirute.
O ministro de Energia do Kuait disse ontem que o governo está “disposto” a aumentar sua produção de petróleo em 100 mil barris diários, em meados de junho, para ajudar a acalmar os mercados internacionais. Com tal iniciativa, a produção total diária do país seria de 2,5 milhões de barris, informou o ministro de Energia do Kuait, xeque Ahmad Fahd al Sabah.
A Arábia Saudita, por sua vez, apóia o aumento de 2,5 milhões de barris por dia sobre a cota de produção estabelecida pela Opep no dia 1.º de abril, de 23,5 milhões de barris diários. Contudo, seus representantes disseram que não podem controlar os temores com atentados que prevalecem no mercado.
Para analistas, mesmo com um aumento da produção, as cotações ainda devem embutir um ágio de risco.
Os Emirados Árabes Unidos já anunciaram que vão elevar sua produção de petróleo, independentemente do resultado da reunião de hoje da Opep, que acontece em Beirute.
Os Emirados informaram que vão colocar no mercado mais 400 mil barris diários de petróleo neste mês. Essa produção suplementar complementa outros 700 mil barris diários que a Arábia Saudita decidiu ofertar mesmo sem a aprovação da Opep.
Hoje, os países membros do cartel se reúnem em Beirute para aprovar um aumento na produção mundial. A maioria dos países membros da organização é favorável ao aumento na produção, o que reduziria os preços do petróleo.
Cotação do dólar volta a fechar em queda
O dólar caiu pelo 2.º dia, após a forte alta na segunda. A moeda fechou em baixa de 0,41% a R$ 3,132, no embalo da queda do petróleo, da expectativa de vitória do governo na votação do salário mínimo e de rumores sobre captação soberana. O preço do barril de petróleo recuou na véspera da reunião da Opep (cartel dos exportadores), que deve elevar a produção do óleo para acalmar o mercado.
A Bolsa de Valores de São Paulo também ignorou os recados internacionais e fechou em alta de 0,87%, giro financeiro de R$ 1,031 bilhão em 19.716 pontos.
Ontem o risco Brasil, que mede a desconfiança externa no país, caiu quase 3%, aos 688 pontos. Os títulos da dívida se valorizavam. O C-Bond avançou 0,84%. Os rumores sobre uma captação soberana do Brasil voltaram, apesar da permanência do risco-país perto do patamar de 700 pontos. O governo ainda precisa levantar US$ 2,5 bilhões para cumprir sua meta de 2004.
Na última emissão, em janeiro, o risco rondava 400 pontos e refletia a euforia externa com os emergentes. Em fevereiro, o caso Waldomiro fez eclodir o risco político. Nos meses seguintes, o receio de juro maior dos EUA “estragou” a festa dos emergentes.