Projeto otimiza produção na piscicultura

Um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), ainda em fase de testes, poderá representar uma boa alternativa para os piscicultores diminuírem os gastos sensivelmente e aumentarem a margem de lucro.

O trabalho, batizado de “Produção de biomassa de microalgas utilizando efluentes de cervejaria”, teve início neste ano e tem como objetivo reaproveitar os resíduos líquidos que sobram da produção de cerveja para servir de alimento para microalgas, que por sua vez se tornariam uma ração para peixes. Além do caráter econômico, o projeto aborda também uma questão ambiental, pois auxiliaria as cervejarias a não jogar no ambiente esse efluente.

De acordo com um dos coordenadores do projeto e professor de engenharia de pesca, Nyamien Yahaut Sébastien, trata-se de uma pesquisa inédita não só no País como no mundo. A ideia surgiu após verificarem que esse material descartado pelas cervejarias tinha um bom potencial para servir de alimento para microalgas.

“Enxergamos nesse material, que não possui valor comercial, uma maneira de aproveitá-lo e produzir elementos com custo econômico viável. Um dos fatores que mais encarece a produção do peixe em cativeiro está em sua ração. A maioria delas é feita de soja, cujo preço acompanha o mercado internacional. O piscicultor acaba refém dessa ração mais cara e precisa aumentar o preço do seu produto. Assim, perde o produtor, que tem uma margem de lucro menor, e o consumidor, que paga mais caro”, explica.

A partir desse projeto, Sébastien afirma que essa ração vai reduzir drasticamente os custos dos produtores e, consequentemente, aumentar os lucros. “Com o efluente das cervejarias, o custo vai a zero. O mais interessante é que eles vão poder utilizar uma ração que, segundo os testes, é de boa qualidade e é natural. Vai ser praticamente um “peixe orgânico”.

As pesquisas com essa nova ração ainda vão continuar e acreditamos que, se tudo der certo, até novembro ou dezembro ela já estará disponível para os produtores”, avalia.

Para conseguir a matéria-prima para servir de alimento das microalgas, o coordenador do projeto diz que de início foi difícil o contato com os responsáveis pelas cervejarias, mas que, posteriormente, eles receberam bem essa ideia.

“Eles perceberam a boa finalidade desse trabalho que estamos desenvolvendo e enxergaram nele uma ótima saída do que fazer com esse efluente. Todos saem ganhando”, garante.

Sébastien conta que o projeto faz parte do programa Universidade Sem Fronteira, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

Segundo o professor, o governo do Estado destinou R$ 97 mil para esse trabalho, que precisa criar um laboratório específico para a produção de biomassa no período de 15 meses. “Assim teremos um maior controle desta elaboração”, ressalta Sébastien.

Expectativa

Não são apenas os piscicultores que estão na expectativa de que o projeto dê certo. O trabalho, de cunho interdisciplinar, está mobilizando bolsistas dos cursos de Engenharia Química e Filosofia e recém-formados em Biologia, que estão realizando pesquisas aplicadas e trabalhando na produção de um produto com qualidade.

Para a bióloga e bolsista do projeto, Rachel Mohama de Carvalho Refosco, o grupo todo está unido para que essa ideia dê certo. “Estamos ansiosos. Temos plena certeza de que esse projeto vai dar certo e todos os envolvidos estão trabalhando bastante para que isso ocorra”, revela a bióloga.

Refosco informa que foi realizado um levantamento no município de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná, e que já foram cadastrados 138 produto,res de peixe da região.

“A maioria dos piscicultores de Assis Chateaubriand aprovou essa iniciativa. Eles vão abrir as portas de suas propriedades na hora em que os testes exigirem um trabalho de campo, o que deve ocorrer no mês de setembro. Se o produto realmente funcionar, acreditamos que estaremos fazendo um bem não apenas aos produtores de peixe e suas famílias, mas também ao meio ambiente e à população, que poderá comprar um produto que foi tratado de forma natural”, encerra.

Divulgação e Unioeste/Divulgação

Menos gastos para os produtores. Material descartado pelas cervejarias pode alimentar as microalgas, armazenadas em garrafas.

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