O Brasil mostrou resiliência durante a crise e capacidade de recuperação, disse hoje o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista coletiva, em Nova York. “Os principais indicadores (econômicos) mostram que o Pais está em processo de recuperação”, afirmou. Meirelles comentou que as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009 estão avançando de forma regular, semana a semana. “Em resumo, estão se movendo para cima, para um terreno neutro”, afirmou.

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Para 2010, considerando-se o efeito de carregamento estatístico que se vê atualmente, as projeções que apontam para PIB um pouco acima de 4% não seriam de um otimismo excessivo, na avaliação dele. Meirelles cita que o consenso de mercado estima uma expansão do PIB no próximo ano pouco abaixo de 4%, mas acrescenta que algumas projeções indicam algo acima deste porcentual de crescimento para 2010. “(Este nível) não é muito otimista pelo que vemos neste ponto de carry over”, explicou. Ele citou que as projeções de mercado apontam para um intervalo do PIB anualizado entre 4% e 8% para o segundo trimestre deste ano. “Isto é um início sólido da recuperação”, destacou durante a coletiva, após palestra organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.

De acordo com o presidente do BC, o processo de estabilização da economia realizado nos últimos anos elevou o potencial de crescimento do PIB. “Então, o Brasil tem capacidade de utilização de forma que deixa possível retomar o crescimento sem as pressões e desequilíbrios que existiam no passado”, disse. As projeções para o PIB, afirmou Meirelles, mostram claramente a capacidade do Brasil de restaurar a trajetória de crescimento sustentável sem o desequilíbrio que prevaleceu no passado.

O presidente do BC avalia que há “alguns riscos à frente”, ligados à recuperação econômica nos EUA, Europa e em outros países. “Se titubear aqui (nos EUA), evidentemente, poderia afetar a economia brasileira. Mas, fundamentalmente, estamos indo na direção certa no Brasil”, completou.

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Meirelles, que esteve no último final de semana no simpósio econômico organizado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) em Jackson Hole, Wyoming (EUA), e que reuniu presidentes de bancos centrais de todo o mundo, avalia que a crise internacional já está mostrando sinais de inflexão, com indicadores em recuperação em diversas economias. “Uma recuperação moderada”, ponderou, o que significa que será um processo prolongado, sujeito a riscos referentes ainda às possibilidades de algum tipo de volatilidade não só nos mercados como inclusive nos níveis de atividade econômica.