A distribuição de um documento com previsões para a economia grega gerou desconforto entre os ministros de Finanças da zona do euro, que participam das conversas com a Grécia para resolver o impasse do país com seus credores internacionais. Segundo algumas das autoridades, o relatório, distribuído pelo ministro grego, Yannis Varoufakis, diverge “fortemente” do que tem sido negociado.
As previsões de Varoufakis apontam para um crescimento de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e de 2,0% em 2016, abaixo das estimativas da União Europeia, de 0,5% e 2,9%, respectivamente. “Talvez seja o momento de visualizar uma recuperação da Grécia para destravar o presente impasse”, diz o documento de 26 páginas, intitulado “Recuperação da Grécia: uma matriz”.
“Não há nenhuma conexão entre a ‘matriz’ e o que está posto nas negociações”, disse uma das autoridades. “Dessa forma, parece que estamos falando de um país que não tem nenhuma dificuldade financeira, mas que apenas quer se beneficiar e ser um destino turístico agradável”, acrescentou.
“O problema é que o Varoufakis não está, aparentemente, em linha com o Alexis Tsipras (primeiro-ministro grego)”, afirmou outra autoridade, acrescento que não está claro até que ponto o documento representa a real posição do governo da Grécia.
O governo, comandado pelo partido esquerdista Syriza, tem negociado com seus credores (o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a União Europeia) uma dívida de 245 bilhões de euros. No próximo dia 12 (terça-feira), terá de pagar uma parcela de 750 milhões de euros. Na quarta-feira, cumpriu com o pagamento de 200 milhões de euros e afastou o medo de calote.
Alguns dos pontos mais polêmicos nas conversas envolvem mudanças no sistema previdenciário e no mercado de trabalho do país, que tornariam mais fácil a demissão de trabalhadores. Outro ponto que tem causado divergência é a criação de um “banco ruim”, uma entidade que abrigaria “maus empréstimos” dos credores gregos. “Convenientemente, o financiamento do banco ruim não é tratado – ele disse que iria enviar o cheque”, disse uma das fontes.
Varoufakis e o governo se recusaram a comentar o documento. O ministro disse apenas que o seu encontro com o ministro de Finanças espanhol, Luis de Guindos, se deu “em perfeita harmonia”, “como com outros ministros”. “Precisamos de uma nova era com o fim de fragmentação do euro”. As negociações, que já estão em ritmo lento, devem ficar ainda mais difíceis depois desse mal-estar. Fonte: Dow Jones Newswires.