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Projeção para C/C em julho é de déficit de US$ 5,6 bilhões, diz Fernando Rocha

O diretor adjunto do departamento econômico do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta sexta-feira, 21, que as transações correntes devem registrar um déficit de US$ 5,6 bilhões no mês de julho. “Isso não deve ser entendido como nada além de um ponto explicado fundamentalmente por fatores sazonais”, afirmou. “Não é um ponto de inflexão”, acrescentou.

Ele destacou que esse resultado deve levar a um leve aumento no indicador do déficit das contas correntes em 12 meses. Segundo Rocha, o superávit da balança comercial deve recuar em julho, uma vez que os embarques são maiores no segundo trimestre do ano. “A partir de julho, os resultados são menores”, afirmou.

Ainda de acordo com ele, o pagamento de juros sobre títulos de renda fixa detidos por não-residentes ocorre semestralmente, em janeiro e julho. A estimativa do BC é que esse item atinja US$ 2,9 bilhões em julho.

Em relação ao Investimento Direto no País (IDP), o Banco Central estima que ele atinja US$ 5 bilhões em julho. Até o dia 19 de julho, o resultado parcial para o indicador é de US$ 3,1 bilhões. Se esse número se confirmar, o resultado do IDP em 12 meses vai passar de US$ 80,6 bilhões para US$ 85,4 bilhões.

“Caso isso ocorra, vamos ter um crescimento muito significativo do IDP em 12 meses. O IDP em junho de 2016 foi muito reduzido, em cerca de US$ 200 milhões, pois tivemos uma saída pontual e significativa que reduziu os ingressos líquidos”, afirmou.

Rocha afirmou que os ingressos líquidos de IDP continuam significativos e disseminados pelos setores da economia. Conforme os dados divulgados nesta sexta pelo BC, o IDP em junho somou US$ 3,991 bilhões. No semestre, o investimento de estrangeiros no setor produtivo atingiu US$ 36,271 bilhões, com o maior fluxo desde 2014.

Fluxo cambial

Rocha disse, ainda, que o fluxo cambial total no País está negativo em US$ 3,789 bilhões em julho até o dia 19. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 764 milhões e de um fluxo financeiro negativo de US$ 4,553 bilhões no mesmo período.

Na conta comercial, ocorreram em julho até o dia 19 importações de US$ 7,500 bilhões e exportações de US$ 8,264 bilhões. Dentro das exportações foram US$ 1,392 bilhões de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 2,707 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 4,165 bilhões em demais operações. Dentro da conta financeira, ocorreram no período entradas de US$ 18,410 bilhões e saídas de US$ 22,962 bilhões.

Com o movimento verificado em julho, até o dia 19, a posição vendida dos bancos no mercado à vista passou de US$ 16,277 bilhões para US$ 20,018 bilhões.

Balança comercial

Fernando Rocha destacou que o principal responsável pelo desempenho da conta corrente brasileira é a balança comercial. Em junho, a conta corrente brasileira registrou superávit de US$ 1,330 bilhão – o quarto resultado positivo consecutivo. Sozinha, a balança comercial indicou resultado positivo de US$ 6,963 bilhões.

Rocha chamou atenção ainda para o fato de as contas de serviços e de renda primária permanecerem relativamente estáveis. No caso de serviços, houve déficit de US$ 3,192 bilhões em junho, um valor abaixo do déficit de US$ 3,593 bilhões do mesmo mês do ano passado. A renda primária indicou déficit de US$ 2,646 bilhões em junho, ante US$ 2,866 bilhões no mesmo mês do ano passado.

De acordo com Rocha, a melhora na conta de serviços na comparação entre os meses de junho deve-se à redução do aluguel de equipamentos. Essa conta indicou saída de US$ 1,721 bilhão no mês passado, contra US$ 1,841 bilhão em junho do ano passado. Rocha afirmou que a economia menos dinâmica no País, com a retomada do crescimento ainda em curso, justifica os menores envios de recursos ao exterior em função de aluguel de equipamentos.

Por outro lado, ainda dentro da conta de serviços, houve mais uma vez incremento das despesas de brasileiros em viagem ao exterior. A conta de viagens indicou saída de US$ 1,133 bilhão em junho, ante saída de US$ 970 milhões no mesmo mês do ano passado.

“A expectativa é de que despesa de viagens continue crescendo”, afirmou Rocha. Em julho, até o dia 19, essa conta já está deficitária em US$ 923 milhões, resultado de receitas de US$ 235 milhões e despesas de US$ 1,158 bilhão.

“A conta de serviços deve ter um déficit maior ao longo do ano, mas ele será contido pelo aluguel de equipamentos”, ponderou Rocha. Além disso, se por um lado as remessas pela rubrica de aluguel estão menores, por outro o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC destacou o fato de os lucros e dividendos enviados ao exterior estarem aumentando. “Há três fatores que contribuem para essas remessas: a taxa de câmbio, o estoque de IDP no País, que é rentabilizado, e o desempenho das empresas”, citou.

Em junho, a remessa de lucros e dividendos somou US$ 1,231 bilhão. Mas em julho, até o dia 19, estes pagamentos já atingem US$ 1,5 bilhão, conforme Rocha.

Já as despesas líquidas com juros este mês, até o dia 19, somam US$ 2,464 bilhões. Neste caso específico, os envios são impulsionados pelo pagamento de juros a estrangeiros detentores de títulos de renda fixa – algo que ocorre em meses de janeiro e julho.

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