Rio (AG) – O mercado reduziu, pela oitava semana seguida, a projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que orienta o sistema de metas do governo. A estimativa para o fim de 2005 caiu de 5,94%, há uma semana, para 5,72%, agora, segundo pesquisa do Banco Central com analistas de cerca de cem instituições financeiras divulgada ontem. Para julho, a projeção do IPCA também caiu: de 0,46% para 0,40%. Para os próximos 12 meses, no entanto, a estimativa subiu da semana passada para cá: de 4,85% para 5%.
As projeções dos economistas dos bancos vêm caindo em meio à divulgação dos últimos índices, que mostram uma inflação mais baixa, e em decorrência da queda da cotação do dólar. O IPCA divulgado pelo IBGE na sexta-feira (-0,02%) ficou abaixo do esperado pelo mercado (0,08%) e o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) mostrou deflação nessa quinta-feira (-0,45%), pelo segundo mês consecutivo. Além do IGP-DI, os outros IGPs também tiveram deflação: o IGP-M de junho fechou em -0,44% e o IGP-10, em -0,41%.
Esses índices são usados como referência no reajuste de tarifas controladas com peso importante para o bolso do consumidor, como a energia elétrica, as tarifas telefônicas e os aluguéis. Ou seja, essas quedas de agora dos IGPs vão se traduzir nos próximos meses em reajustes menores das tarifas administradas e, conseqüentemente, num IPCA mais baixo no futuro. Os economistas das instituições financeiras esperam neste ano uma alta nos preços administrados de 7,20%, abaixo do previsto na semana passada, que foi de 7,43%. A estimativa para o ano que vem caiu de 5,8% para 5,75%.
O centro da meta ajustada pelo BC é de 5,1% até o fim deste ano. Para atingir este objetivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC iniciou em setembro um ciclo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, interrompido no mês passado. Na ata da última reunião, o Copom indicou que a taxa seria mantida por um período suficientemente longo. Na pesquisa divulgada ontem, o mercado aposta na manutenção da taxa em 19,75% na reunião da semana que vem, mesmo com a queda da inflação.
As expectativas das instituições financeiras para a taxa de câmbio no fim de 2005 e de 2006 permaneceram, respectivamente, em R$ 2,60 e R$ 2,80, também segundo a pesquisa de mercado do BC.
O prognóstico do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas pelo País), se manteve em 3% para este ano . Para o ano que vem, a projeção de crescimento da economia também não se alterou: 3,5%.A projeção dos bancos para o saldo comercial deste ano subiu de US$ 35,45 bilhões para US$ 35,95 bilhões. Já para 2006 a estimativa de superávit da balança comercial subiu de US$ 29,97 bilhões para US$ 30 bilhões.