A definição das regras do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) divulgadas nesta semana pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinou o prazo esperado pelo governo federal pra recuperação da economia brasileira: até dezembro de 2016. Caso isso não ocorra, o programa, que é mais uma ferramenta pra evitar demissões, só vai adiar um cenário ainda mais dramático formado pelos efeitos de um índice de desemprego ainda mais severo.

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Apesar dos outros recursos disponíveis para preservar o emprego, como férias coletivas, banco de horas, plano de demissão voluntária (PDV) e os lay-off (suspensão temporário do contrato de trabalho), o último levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revelou a eliminação de quase cinco mil postos de trabalho (4.950) só em Curitiba e Região Metropolitana no mês de junho.

Acordos não reduzem salários, mas também não mantém empregos

No ano, o total entre admissões e desligamentos na capital também está negativo, com 7.344 vagas eliminadas. Pro economista Cid Cordeiro, todas as fichas pro sucesso do programa estão colocadas em um único caminho: a retomada da atividade econômica. “Sem isso, a empresa não terá como segurar o emprego, mesmo com essa redução no custo de encargos e do valor pago ao trabalhador”, avalia.

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Menos trabalho, menos grana

Pro economista Cid Cordeiro, a exemplo de outros recursos como o lay-off, a adesão ao PPE não deve interessar a todos os setores. “Empresas menores, com perda brusca de faturamento e cuja mão-de-obra tem pouco nível de qualificação, devem continuar demitindo, já que eles são mais suscetíveis ao desempenho da economia e, em uma recuperação, é fácil recompor o quadro”, aponta.

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Não dá pra dizer que o trabalhador consegue escolher muito em um período de crise, mas tanto no lay-off quanto no PPE o acordo passa pelo aval dos sindicatos, com a assinatura de um acordo coletivo específico. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), por exemplo, conseguiu condições mais interessantes no lay-off das fábricas Volvo e da Volkswagen. No caso da Renault-Nissan, a empresa instituiu um PDV a que 480 trabalhadores aderiram e não lançou mão desse recurso.

Quem pode aderir ao PPE?

Empresas de todos os setores podem aderir ao PPE. Pra isso, terão que comprovar – com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – ter Indicador Líquido de Emprego inferior a 1%.

Esse índice leva em conta a diferença entre as admissões e as demissões nos últimos 12 meses (contados a partir do mês anterior ao da solicitação de adesão) sobre o total de funcionários da empresa. No resultado, o indicador não poderá ultrapassar 1% (positivo).

No exemplo fornecido pelo MTE, uma empresa que contrata 100 trabalhadores e demite outros 120 em um período de 12 meses teria uma geração negativa de 20 postos de trabalho. Dividindo esse número (-20) pelo estoque de mil trabalhadores, o indicador será -2%, habilitando a participação.

Na prática, todas empresas que no período tiverem demitido mais trabalhadores do que contratado estarão aptas a ingressar no programa. (Redação)