Programa do PT não chega a agradar ao mercado, mas não assusta

O programa econômico do Partido dos Trabalhadores (PT) não chega a agradar aos analistas do mercado financeiro consultados hoje (28) pela Agência Estado, mas também não assusta. Não agrada porque algumas questões sagradas aos olhos do mercado, como o regime de câmbio e o de metas de inflação, além da necessidade de elevados superávits, são tratados grosso modo como meros instrumentos para uma transição profunda da política econômica num prazo mais longo, e também de maneira um tanto secundária. Por outro lado, deixa de lado – em documento oficial – a radicalidade registrada no último documento oficial do partido, produzido após a convenção do Recife, no fim do ano passado, aparentemente mais voltado para a militância política do partido.

?Definiria o programa do PT como algo agressivamente social-democrata, como era de se esperar. Ninguém achava que um programa do PT viria exatamente nos moldes que o mercado aplaudiria?, admite o economista-chefe de um grande banco estrangeiro. ?O que importa é que, ao contrário do documento anterior, o Estado é colocado como um indutor de outras causas, como o desenvolvimento industrial, e não como um indutor da ruptura?, acrescenta.

Chamou a atenção dos analistas o perfil ?unicampista? do programa econômico do PT – para alguns, representado pela ala mais moderada da universidade, representada por economistas como Luiz Gonzaga Belluzo. Revela ainda, segundo os analistas, uma certa ?obsessão? pelos saldos comerciais externos, e chama a atenção a possibilidade de uma política de substituição de importações em moldes ainda não muito claros aos olhos do mercado – que gostaria de ver isso ocorrendo basicamente pelo incremento das exportações. ?Quem determina uma política de substituição de importações competitiva são os preços relativos, não o Estado, de maneira forçada?, comenta o economista chefe de outra grande instituição financeira.

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