O programa de US$ 50 bilhões do Banco Mundial (Bird) para injetar liquidez no financiamento ao comércio nos países em desenvolvimento está no caminho para ser lançado até o final de maio, com participantes do setor público e do privado rapidamente aderindo.
O programa faz parte dos US$ 250 bilhões em financiamento ao comércio propostos pelo Grupo dos 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento (G-20) este mês, com intuito de atender um déficit de financiamento que o Banco Mundial estima em até US$ 300 bilhões globalmente.
A liquidez adicional não deve interromper o que se espera ser o maior declínio no fluxo de comércio em 80 anos em 2009, previsto pelo Bird em 6,1%. Menos de 10% da queda esperada no volume do comércio estariam relacionados a problemas de financiamento, com a principal causa ainda sendo uma simples falta de demanda. Mesmo assim, o Banco Mundial espera que o programa ajude os países mais pobres que são mais prejudicados pela recessão global do que pela crise financeira.
“Embora o financiamento ao comércio esteja encolhendo globalmente, os bancos estão mais preocupados com o risco nos mercados emergentes”, disse Georgina Baker, diretora de mercados financeiros do International Finance Corp. (IFC), o braço do setor privado do Banco Mundial que comanda o programa.
O financiamento ao comércio diminuiu rapidamente no ano passado como parte do congelamento generalizado dos mercados de crédito. A resposta inicial do Bird foi dobrar a capacidade de seu programa de garantia de comércio para US$ 3 bilhões no final do ano passado, mas os volumes só aumentaram 40%. “Foi neste momento que percebemos que, na verdade, o que os bancos precisam hoje é de liquidez”, disse Baker, em entrevista.
O novo programa visa oferecer liquidez de duas maneiras: por meio de linhas de crédito diretamente aos bancos ou pela criação de um grupo de liquidez com os bancos para originar o financiamento ao comércio. O IFC está contribuindo com US$ 1 bilhão e pedindo outros US$ 4 bilhões para instituições multilaterais e governos. Reino Unido, Canadá, China e Holanda já comprometeram recursos e três ou quatro outras fontes de financiamento do setor público devem aderir no começo de maio para elevar o total para US$ 3 bilhões, afirmou Baker.
No caso dos grupos de liquidez, o setor público contribuirá com 40% e os bancos darão o restante. Assim, as contribuições do setor privado ao programa podem superar US$ 7 bilhões.
O valor de US$ 50 bilhões vem da expectativa de que o financiamento seja oferecido por períodos de até 270 dias e, em seguida, rolado durante um período de três anos. O total pode facilmente subir devido a períodos de financiamento mais curtos.
Até agora, o britânico Standard Chartered Bank está recebendo um investimento de US$ 500 milhões do programa para oferecer até US$ 1,25 bilhão em transações de financiamento ao comércio, enquanto o sul-africano Standard Bank Group concordou em obter uma linha de crédito de US$ 400 milhões. O gigante financeiro holandês Rabobank Group planeja participar de um grupo de liquidez. As informações são da Dow Jones.