“O técnico agrícola, ao longo de sua formação, aprende a fazer projetos hidráulicos, elétricos, a dirigir trator, instalar bombas, produzir mudas para plantio, fabricar vinho, dentre outras inúmeras atividades. A pessoa que passa por esse curso terá uma visão completa de como administrar uma fazenda.”

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A frase, dita pelo presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas de Nível Médio no Estado do Paraná (Sintea-PR), Gilmar Zachi Clavisso, dá uma noção do que o profissional deve dominar para estar inserido no mercado de trabalho.

A formação, surgida em 1911 na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, foi se espalhando por diversos estados brasileiros, como Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

No Paraná, devido à forte influência da agricultura na economia local, a profissão encontrou um terreno fértil para se criar e desenvolver, a ponto de se tornar uma referência nacional.

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“Acredito que o Paraná é um celeiro de excelentes técnicos agrícolas. É muito comum ver o pessoal daqui ser requisitado para trabalhar em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Goiás e Rondônia, por exemplo.”

De acordo com Clavisso, há ainda a presença desses profissionais em diversos órgãos estaduais, como o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e cooperativas.

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Para o presidente do Sintea, o mercado para o técnico agrícola está bastante promissor. Segundo ele, o profissional encontra uma gama de opções bem diversificadas para trabalhar.

“Além de agricultura de grãos, como a soja, o Paraná tem outras áreas prósperas para se trabalhar. Por exemplo, a horticultura, a fruticultura e a agroindústria estão em alta. A suinocultura e a pecuária empregam muita gente também. Outras áreas que vêm crescendo são a de produção de vinhos, queijos e de paisagismo. Opção é o que não falta”, garante.

O Paraná conta com 22 colégios agrícolas, sendo 19 estaduais, dois federais e um particular. O curso pode ser feito por pessoas que tenham o ensino fundamental completo (em que faz as aulas de ensino médio com as profissionalizantes, com duração de três anos) e ensino médio completo (o aluno assiste apenas às aulas técnicas e se forma em dois anos).

O curso envolve diversas modalidades, como enologia, agroindústria, agricultura orgânica, agropecuária, açúcar e álcool, florestal, entre outros. As escolas oferecem um internato caso o aluno necessite.

Trabalhadores têm data dedicada à função

Arquivo
Regulamentada, profissão atribui direitos e responsabilidades.

Cinco de novembro de 1968. Essa data é especial para todos os técnicos agrícolas do Brasil. Nesse dia, a profissão, quase centenária, foi finalmente regulamentada em suas diversas modalidades pela Lei 5.524/68.

Com a lei e seus decretos regulamentadores 90.922/85 e 4.560/02, foram atribuídos os direitos e responsabilidades a esses profissionais. Também nesse dia eles comemoram o Dia Nacional do Técnico Agrícola.

“A data não poderia ser mais propícia. Ela simboliza toda uma luta da nossa classe que acabou sendo reconhecida e valorizada. No Paraná, a data só pôde ser comemorada a partir de 2004, quando foi aprovado um projeto de lei na Assembléia Legislativa, sancionando a Lei 14.350/04, legitimando totalmente nossa comemoração”, comenta o presidente do Sintea, Gilmar Zachi Clavisso. Ele explic,a que os técnicos agrícolas sempre estiveram mobilizados para proteger a profissão e ampliar o mercado de trabalho.

Desde a criação da profissão, em 1911, o técnico agrícola sempre desempenhou papel importante no setor agropecuário brasileiro, visto que o País era predominantemente agrícola, cenário amplamente favorável para o desenvolvimento da profissão.

Em 1941, surgiu a Associação de Técnicos Rurais de Porto Alegre, que foi a primeira organização voltada aos interesses desses profissionais. “Hoje em dia, mesmo com uma presença maior de indústrias, o setor agrícola ainda emprega muita gente e é um dos principais motores da economia paranaense”, afirma.

Categoria quer conselho próprio

Buscar a criação do conselho profissional dos técnicos agrícolas. Esse é o novo objetivo dos profissionais dessa área. Eles desejam se separar do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).

De acordo com o presidente do Sintea, a mobilização para criar um conselho próprio vem de longa data. “A luta para instituir um conselho exclusivo dos técnicos agrícolas vem desde 1968, quando foi aprovada a Lei 5.524/68. Estou certo que teremos uma boa chance de que isso aconteça”, garante.

Durante a década de 90, o conselho quase chegou a ser criado. Faltava apenas ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, sancionar a instituição, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) impediu isso, julgando inconstitucional o artigo 58 da Lei 9.649/98, que previa a delegação de poder público para o exercício, em caráter privado, dos serviços de fiscalização de profissões regulamentadas, mediante autorização legislativa.

Para o presidente do Crea-PR, o engenheiro agrônomo Álvaro José Cabrini Júnior, a busca dos técnicos agrícolas em criar um conselho é precipitada. “Penso que as pessoas não podem ser obrigadas a permanecer no Crea, porém, estou certo de que sair não é o melhor negócio. Seria mais interessante se buscassem mais participação no Crea a ter um conselho próprio”, comenta.