Os dados divulgados nesta terça-feira, 10, pela pesquisa Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram um cenário de relativa estabilidade no mercado de trabalho brasileiro, segundo o professor de macroeconomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Pedro Raffy Vartanian. Ele aponta, no entanto, que no setor industrial o emprego teve uma queda importante em 2014, de 3,2%, e isso pode acabar contaminando outros setores.

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Na Pnad Contínua, o desemprego atingiu 6,5% no quarto trimestre de 2014, de 6,2% no mesmo período do ano anterior. “Quando nós avaliamos o cenário, a gravidade maior aparece no setor industrial, que em 2014 seguiu em tendência de queda. Por enquanto, parte dessa mão de obra da indústria estava sendo absorvida por outros setores, como o de serviços”, explica o professor do Mackenzie. Porém, como existe uma defasagem, a expectativa é que esse desempenho ruim da indústria comece a contaminar os outro setores nos próximos meses, afirma.

Vartanian também aponta que as mudanças propostas pelo governo na concessão do seguro-desemprego podem acabar elevando o número de pessoas em busca de trabalho, já que menos gente teria direito ao benefício, que em muitos casos se torna um desestímulo para procurar uma nova vaga. “O fator desistência tende a mudar se essas mudanças forem aprovadas, porque teremos mais gente voltando ao mercado”, comenta.

Segundo o pesquisador, o nível de desocupação é justamente um dos fatores que ajudam a explicar a baixa taxa de desemprego no País, apesar do crescimento econômico muito fraco. Com o aumento da renda das famílias nos últimos anos, muitos jovens acabaram adiando a entrada no mercado de trabalho, seja para estudar ou por outros motivos.

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Além disso, com a queda na taxa de natalidade, o contingente de trabalhadores em idade ativa também diminuiu. Vartanian ainda chama atenção para a elevada rotatividade em alguns segmentos, com muitas empresas demitindo funcionários com salários mais altos e contratando mão de obra mais barata.