Água-de-coco, caipirinha, fogos de artifício, cerveja, refrigerante, taças e passagens aéreas. Produtos que lembram férias e fim de ano, eles têm um outro ponto em comum: a alta carga tributária, que pode chegar a até 77% do valor total do produto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Cálculo com base nos principais impostos e na média de produtos ofertados pelo mercado destaca que a carga tributária de uma cadeira de praia pode chegar a 41,82% e a de uma taça para brindar o Ano Novo, a 45,60%. Isso significa que quase a metade do valor pago vai para a arrecadação de impostos.
Na lista do IBPT, a campeã é a caipirinha, que tem embutida no seu preço final a porcentagem de 77,86% de tributação.
Para comemorar o Ano Novo, fogos de artifício são tradicionais. Na loja especializada Fogos Lanza Show, o aumento de vendas de fogos nessa época do ano é de 300%. ?É uma porcentagem comum, já que a venda do produto é sazonal?, explica um dos proprietários, Moisés Lanza.
Neste ano, as vendas já superaram em 20% o que foi vendido no mesmo período de 2006. Em Curitiba, o preço pode variar de R$ 1 (os mais simples, da linha infantil) até R$ 1 mil (a linha profissional de baterias importadas). A maioria, no entanto, não sabe que 62,76% do preço pago pelo produto é de impostos. Muitas vezes, essa taxa é até mais elevada. ?A alta tributação é um absurdo e prejudica o consumidor final?, disse Lanza.
Ao contrário de muitos países, que discriminam o valor do imposto agregado a cada produto, no Brasil o consumidor não tem como saber na hora da compra qual o valor exato que paga pelos tributos. ?A discriminação em cada etiqueta com o total da tributação deveria estar em cada produto?, opina o comerciante Luiz Carlos Pavanello, do Mercado Municipal de Curitiba.
Taxas
A reclamação constante não é em relação ao pagamento de impostos, mas ao seu uso e ao seu alto valor. ?Pagar imposto é válido, desde que se receba serviços apropriados quando preciso, o que não acontece. Não há aplicação clara do imposto?, reclamou Miguel Gaissler, enquanto comprava seus fogos de artifício.
Mesma opinião tem o trabalhador autônomo Everson de Andrade. ?Pagar imposto não compensa. Pagamos porque somos obrigados?, afirmou. As altas taxas e a variedade de impostos também incomodam. ?O problema não é contribuir, mas desde que seja um imposto justo, com taxas menores?, acredita o consumidor Pedro Ribas.
Segundo o técnico do IBPT João Eloi Olenike, reformas tributárias ainda podem ser feitas. ?Pagamos um alto número de impostos, mas devemos ter esperança em uma reforma efetiva. A queda da CPMF provou isso?, disse.