O País deve produzir 3.690.340 toneladas de feijão em 2014, aumento de 25,7% em relação a 2013, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de abril, divulgado nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A área plantada foi estimada em 3.308.056 de hectares, 8,8% maior que a do ano passado.
Só a segunda safra do produto teve um aumento de 10,2% em relação à estimativa de março. Como resultado, a produção do feijão segunda safra deve ser 12,2% maior que a de 2013. “A gente vê o otimismo dos produtores no Nordeste. As informações dos Estados estão crescendo com taxas acima de 100% para o feijão segunda safra”, apontou Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
O Paraná, maior produtor, prevê uma colheita da segunda safra do produto 37,5% maior que a de 2013. No entanto, as altas passam de 3 dígitos na Paraíba (106,9%), Alagoas (129,9%) e Ceará (122,1%). Se a estimativa para a safra de feijão em 2014 se confirmar, o País conseguirá atender seu consumo aparente do grão, estimado em 3,450 milhões de toneladas, lembrou Andreazzi.
Soja
Apesar de problemas climáticos enfrentados em algumas regiões, a soja manteve a expectativa de safra recorde em 2014, segundo o IBGE. A previsão do mês passado foi ligeiramente melhor do que a de março (alta de 0,1%). Entusiasmados com os preços, alguns produtores já apelam para uma segunda safra de soja, o que contribuiu para o aumento de 7,6% na área a ser colhida este ano, em relação a 2013.
“Estão fazendo agora soja de segunda safra. O produtor tira a soja e planta soja de novo. Não é muita coisa não, mas está somada a essa soja total. Na região Centro-Oeste e até no Paraná já tem produtor com duas safras de soja”, informou Andreazzi.
A safra da oleaginosa deve crescer 6,3% em relação a 2013, totalizando 86.887.561 de toneladas. O crescimento só não foi mais vigoroso por causa da estiagem, que atingiu as lavouras do Paraná (que espera queda de 7,6% na produção do grão ante 2013), de Minas Gerais (-2,3%) e São Paulo (-17,7%).
A estiagem prejudicou o rendimento médio, estimado em 2.898 kg/ha, uma redução de 1,2%. Em São Paulo, o rendimento médio caiu 27,8% em relação ao ano passado. “Se não tivesse tido estiagem, a produção seria maior ainda”, disse Andreazzi.
No Mato Grosso, que detém 30,3% da produção nacional, a safra deve ser 12,4% maior este ano, apesar do excesso de chuvas durante a colheita, levando à perda de mais de 15 mil hectares. Os produtores locais também enfrentaram a ocorrência da praga ferrugem asiática.
“No Mato Grosso, a produção não é tão grande quanto se esperava porque choveu muito na colheita, o que prejudica a qualidade do produto”, confirmou o gerente do IBGE.
Milho
Embora o milho tenha cedido espaço para a soja neste ano, os produtores melhoraram a perspectiva para a colheita da segunda safra do cereal em abril, em relação ao que esperavam em março. Segundo o levantamento do IBGE, a produção do milho segunda safra será 3,2% maior que o estimado em março. “O milho de segunda safra teve uma melhor estimativa do rendimento médio, o que aumentou a expectativa de produção”, explicou o gerente do IBGE.
A produção nacional de milho está estimada em 74.751.037 de toneladas, 7,2% menor que a de 2013, quando somou 80.516.571 de toneladas. Este ano, a área a ser colhida deve recuar 2,5%, espaço que foi destinado à cultura de soja. Mas também houve efeito da estiagem sobre a produção do Paraná, apontou Andreazzi.
A primeira safra de milho, estimada em 31.258.172 de toneladas, deve cair 8,5% ante 2013, com uma área plantada 3,4% menor. Já a segunda safra tem produção estimada de 43.492.865 de toneladas, 6,2% inferior à de 2013. Se as previsões se confirmarem, 2014 será o terceiro ano consecutivo em que a segunda safra do grão superará em volume a colheita da primeira safra, lembrou o IBGE.
Mandioca
O País deve produzir 23.473.874 de toneladas de mandioca este ano, um aumento de 10,6% em relação a 2013, na estimativa do IBGE. A estiagem deu uma trégua na Região Nordeste, melhorando as perspectivas dos produtores após dois anos de dificuldades, segundo Andreazzi.
“O Nordeste teve dois anos seguidos de estiagem, o que fez cair bastante a produção de mandioca. Isso elevou o preço, que em 2013 chegou a R$ 700 a tonelada. Mas agora já está caindo para R$ 600 a tonelada”, informou o gerente do Instituto.
A área com mandioca cresceu 7,0% em relação ao ano passado. A seca no Nordeste impediu a recuperação da oferta de raízes até o fim de 2013, mas a região já apresenta perspectiva de um aumento de 28,5% na produção e de 25,1% no rendimento médio.
Trigo
Os produtores brasileiros têm boas perspectivas para o trigo este ano. A safra deve ser 21,2% maior do que a de 2013, segundo o IBGE. “O trigo está sendo plantado agora, é a nossa cultura de inverno. No ano passado, o Paraná teve problema de geada, que prejudicou a produção. Mas agora o Estado está voltando a liderar a cultura”, disse Andreazzi;
A produção esperada pelo Paraná deve ser 103,6% maior do que a verificada no ano passado. De acordo com o levantamento de abril, o total produzido pelo Estado será 4,9% maior do que o estimado inicialmente em março. No total no País, a produção de trigo sofreu uma revisão para cima de 3,4% na passagem de março para abril.
Apesar da melhora, o Brasil ainda precisará importar trigo para atender ao consumo interno. “O consumo aparente de trigo no País, segundo a Conab, é em torno de 11,8 milhões de toneladas. Estamos produzindo pouco mais da metade”, lembrou Andreazzi.