Após alguns minutos de desentendimento, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), e o diretor presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer, chegaram a um consenso a respeito da necessidade de subsídios, por parte do governo, ao produtor de laranja.
O cenário do embate foi a audiência pública conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Agricultura, realizada no Senado, a respeito do processo de concentração econômica e práticas anticoncorrenciais na citricultura.
Para a senadora, o debate de hoje reflete todos os embates do setor agropecuário no Brasil e no mundo. Ela alega que, em todo o mundo, há muitos produtores, mas poucos formadores de preços. “Por isso, os produtores não pagam as contas. Se os produtores não conseguem pagar o custeio, imagine a depreciação de seu patrimônio”, argumentou.
Kátia salientou que, nos Estados Unidos, a determinação do preço mínimo dos produtores agrícolas é feita de forma independente, enquanto no Brasil o trabalho cabe à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atrelada ao Ministério da Agricultura. “Não conseguimos competir por conta de cartéis, formação de preços e também por conta do custo Brasil, já que temos problemas de logística”, enumerou.
“Esse setor precisa de subvenção ontem, hoje e sempre, enquanto tiver gente de fora estipulando preço. A subvenção é importante e necessária se este País quiser continuar a ser a fazenda do mundo”, afirmou.
Para o diretor presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer, a sugestão da senadora, de subvenção, é uma “ideia extraordinária”.
“Essa é uma política pública de interesse nacional, e a indústria não é contra”, disse. Ele destacou, no entanto, que os dados usados por Kátia em sua exposição não eram os mais adequados. “Descredencio boa parte das fontes que a senhora utilizou”, disse, causando indignação por parte da senadora. “O senhor descredencia a Esalq e a Cepea?”, questionou.
Sobre o questionamento da presidente da CNA a respeito da diferença de preço pago ao produtor em áreas muito próximas, Lohbauer atribuiu a diferença à disputa entre as indústrias do setor.
“O senhor disse que se trata de uma commodity. Como é possível pagar R$ 2,50 por caixa e outro produtor, no município vizinho, receber R$ 7,00?”, indagou a senadora. “As indústrias estão competindo entre si, estão disputando a laranja. É bom que os preços dos contratos variem”, argumentou Lohbauer.