Implantar boas práticas e mecanismos de controle na produção apícola. Com esse objetivo, o Programa Alimentos Seguros (PAS) aplicado ao segmento da apicultura já trouxe resultados para a cadeia produtiva e permitiu que empresas voltassem a exportar para a União Européia (UE) após o embargo de dois anos.
O assessor técnico do programa, Paschoal Robbs, explica que a implantação de ferramentas para garantir a segurança do mel, conforme exigência da UE, teve início em nove entrepostos de oito estados (São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Ceará, Piauí e Minas Gerais). “A partir de março deste ano, iniciamos o repasse de informações para esses entrepostos e para as casas de mel apontadas por eles e ainda capacitamos apicultores a trabalharem com a questão das boas práticas e da rastreabilidade”, diz.
Esse processo foi encerrado em agosto. Até o momento, três entrepostos localizados no Piauí, em São Paulo e Santa Catarina já passaram pela auditoria do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) e receberam a liberação para exportar para a União Européia. “Os outros entrepostos já estão adequados ao Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP/APPCC) e somente aguardam a auditoria do Ministério”, conta Paschoal.
Pelo programa, 25 casas de mel foram adequadas e 475 apicultores foram capacitados nos estados trabalhados. “Essa foi uma ação piloto; agora os entrepostos estão com a responsabilidade de expandir a metodologia para outras casas de mel”, diz.
Mercado europeu
É isso o que está fazendo a empresa catarinense Prodapys – Apis Nativa. A responsável pelo controle de qualidade do entreposto, Catiane Bristot, explica que a empresa está dando continuidade ao projeto com a capacitação de mais apicultores. A Prodapys já tinha implantado um programa de controle antes da chegada do PAS à empresa. “Mas com o PAS pudemos expandir o treinamento para o campo reforçando a necessidade de boas práticas apícolas”, conta.
“Não adiantaria o entreposto ter a liberação para exportar se as casas de mel não fossem liberadas também”, completa Catiane. A Prodapys conseguiu, em maio deste ano, a liberação do Ministério para exportar para a UE. No mesmo momento, houve a liberação também da unidade extratora de mel ligada à empresa. Na seqüência, cinco casas de mel da região foram liberadas também. Isso permitiu que a empresa fosse a primeira a exportar para a Europa após o fim do embargo ao mel brasileiro.
“Com o embargo, houve dependência do mercado americano, que compra menos e paga menor preço pelo mel. Ao contrário, o mercado europeu é grande consumidor desse produto e também demanda o mel orgânico”, diz Catiane.