Ribeirão Preto (AE) – O faturamento nominal da produção agrícola brasileira de grãos na safra 2004/2005, ante a 2003/2004, caiu R$ 13 bilhões e cerca de 82% dessa redução deve-se à variação negativa dos preços das commodities, informou ontem o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin. Já a quebra na safra foi responsável, de acordo com Wedekin, por 18% na redução do faturamento nominal ou seja, sem que seja contabilizada a inflação no período. ?É como se subitamente o mercado puxasse o tapete do produtor rural?, disse.
De acordo com o secretário, o faturamento no setor de grãos em 2004/2005 foi de R$ 47 bilhões, uma queda de 21,6% ante os R$ 60 bilhões recebidos na safra anterior. Já o custo de produção da safra foi de R$ 40 bilhões. ?Isso tudo mostra que as contas não vão fechar e que há um estrangulamento na margem do produtor rural?, disse Wedekin, que participou do seminário ?Conjuntura Econômica?, no Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober) em Ribeirão Preto (SP).
Wedekin, de modo irônico, criticou a política econômica federal para explicar a escassez de recursos para o setor agrícola e as dificuldades para o refinanciamento de dívidas de produtores. ?A grande prioridade do governo hoje é pagar US$ 140 bilhões em juros. E a questão agrícola vai na valsa?, criticou. Wedekin disse que o ?cobertor do crédito rural continuará curto? para a safra 2005/2006, em virtude da prorrogação das dívidas da safra passada, que devem totalizar R$ 4 bilhões, ou 10% de todo o volume financiado.
O secretário lembrou que, apesar de 70% da produção nacional de grãos ser escoada internamente, os preços dos produtos são formados em dólar, que está desvalorizado. ?O produtor plantou a safra com o dólar entre R$ 2,97 e R$ 3 e está vendendo-a a um dólar em R$ 2,40. Essa diferença transporta para a agricultura uma virulência muito grande?, avaliou.
Wedekin informou que o lançamento oficial, em uma videoconferência, do Plano de Safra 2005/2006 só deve ocorrer em agosto, quando todo o processo de renegociação das dívidas for finalizado. Disse ainda acreditar que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprove, na sessão de hoje, a prorrogação dos vencimentos dos empréstimos de custeio da safra 2004/05.