Produtor não deve esperar só pelo governo

Para que o vinho brasileiro se torne competitivo no mercado mundial, os empresários do setor não devem esperar apenas por medidas governamentais. O alerta foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante almoço com produtores de uva e vinho de Flores da Cunha, cidade localizada a 150 quilômetros de Porto Alegre.

Porto Alegre (ABr) – ?Nem vocês podem ficar pensando que tudo depende de uma ação do governo, nem o governo pode ficar pensando que tudo depende da vontade individual. Nós temos que assumir a responsabilidade coletiva. O conjunto do cumprimento das nossas funções é que vai permitir que o Brasil não tenha medo de competir?, disse.

O presidente destacou que o governo federal está disposto a ajudar o setor. ?A nossa disposição é fazer o que for necessário fazer para que a gente não dê um passo atrás, mas que a gente dê um passo à frente?.

Lula criticou o fato de governadores e prefeitos não resolverem os problemas e culparem uns aos outros ou o governo federal. ?O Brasil tem que ser competitivo?, disse o presidente. Segundo ele, em vez de ficar lamentando o vinho argentino no Brasil, é preciso colocar o nosso brasileiro na Argentina. ?Não há tempo para lamentar, há tempo para trabalhar cada vez mais?, acrescentou.

O governo anunciou medidas de apoio ao setor. Além de uma linha de crédito de R$ 200 milhões, outros benefícios foram anunciados. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) assinou um termo de cooperação com o Ministério da Agricultura, com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da uva. O termo irá garantir a fiscalização da qualidade do vinho.

Outro convênio firmado pelo MDA foi com o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), no valor de R$ 1 milhão. Será adquirido um equipamento, o espectômetro de massa, para que o Laboratório de Enologia do município de Flores da Cunha (RS) detecte impurezas nos produtos. Já em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, será articulada a criação de um Núcleo de Programa de Extensão Industrial Exportadora, que irá possibilitar a melhoria na gestão dos negócios.

As novas ações de incentivo ao setor devem beneficiar cerca de 20 mil famílias de produtores de uva e vinho e mais de 650 vinícolas, que reivindicam apoio do governo federal há mais de dois anos. Algumas das solicitações de apoio já foram negociadas e estão sendo atendidas, como a definição do preço mínimo de R$ 0,42 para cada quilo de uva, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para espumantes e champanhes de 30% para 10% e a limitação de cotas para a entrada de vinho argentino no Brasil.

Exterior

O presidente disse, ainda, que o Brasil deve ficar atento à sua atuação no cenário internacional, já que o País está ?mais vigiado? no exterior.

?A nossa responsabilidade hoje é tão grande que, qualquer denúncia que aparecer contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio, vamos pagar alguns preços que ainda não pagamos. Sobretudo quando o Brasil resolve brigar com outras nações, enfrentar a União Européia na OMC, enfrentar os Estados Unidos na OMC, criar o G-20 e condições dos países pequenos serem ouvidos. Nós ficamos mais vigiados?, disse.

Lula percorreu o pavilhão onde está sendo realizada a Festa da Uva, em Caxias do Sul, e aproveitou para conhecer um trator de pequeno porte movido a biodiesel, produzido pela empresa gaúcha Agrale. Os equipamentos foram desenvolvidos para operar com diesel mineral com mistura B5 – 5% de mistura de óleo vegetal, extraído dos óleos de palma (dendê), mamona e soja, entre outros.

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