O padrão tecnológico da cafeicultura do Paraná, estabelecido a partir de 1992 com o plano de revitalização do setor, é claro: para produzir com qualidade, o cafeicultor deve fazer a colheita perfeita, permitindo a convivência em baixos níveis de população do besourinho preto, denominado de Hypothenemus Hampei, popularmente conhecido por “broca do café”.

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O inseto, apontado como uma das principais pragas do cafeeiro no Brasil, veio no início do século passado da África e está atualmente em todos os estados produtores, causando sérios prejuízos ao cafeicultor, alerta o engenheiro agrônomo Romeu Gair, extensionista do instituto Emater e integrante do projeto Cadeia Produtiva do Café.

“Na avaliação feita dos cafés inscritos nas etapas regionais do Concurso Café Qualidade Paraná 2009 (evento que premia o melhor café produzido no Estado, realizado em outubro), a comissão julgadora de classificação e degustação eliminou vários lotes concorrentes devido à alta incidência de grãos brocados”, exemplifica. O motivo é que eles afetam o peso, o aspecto, o tipo e a bebida, destaca Gair.

Estratégia

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Para o cafeicultor familiar Fábio Gonçalves dos Anjos, premiado no concurso, a chamada colheita perfeita é estratégia fundamental para reduzir custos de produção. “Principalmente para quem produz café orgânico, no qual é proibido o uso de agrotóxicos”, enfatiza. No sítio dele, o Boa Vista, localizado na região de Londrina, o procedimento técnico utilizado nos oito hectares ocupados por 35 mil plantas no sistema adensado e orgânico é a monitoria da presença da praga e controle biológico pela beauveria bacciana. “Com a estratégia das iscas, nós sabemos exatamente qual é a população da broca na lavoura e, assim, estabelecemos as táticas de combate”, explica o cafeicultor.

Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador Rodolfo Bianco, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o cafeicultor tem que ter senso apurado para colher todos os frutos da planta e, assim, evitar a presença da broca – que ataca frutos verdes, maduros e até secos – na safra seguinte. “É necessário mais atenção e cuidado em caso de fazer repasse (coleta dos grãos que ficaram após a colheita na planta e caídos no chão) nas áreas infestadas e de baixadas, que podem ser ambientes úmidos”, explica. Um exemplo é pedir para que o vizinho cafeicultor também faça repasse na lavoura, caso tenha realizado uma colheita com pouco critério. “A colheita perfeita elimina o foco da praga e dá economia de mão de obra ao não precisar pagar o repasse, que é caro e, por vezes, mal feito”, alerta Bianco.

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