Brasília (AE) – Os exportadores de produtos orgânicos contarão a partir de agora com um campo específico para identificar sua mercadoria na hora de realizar o registro de exportação. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) criou uma classificação especial para esses produtos dentro do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), no último mês.
De acordo com Jean Pierre Medaets, assessor técnico da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), a identificação do produto na saída do País permitirá averiguar a quantidade de orgânicos exportados, tanto em valor monetário quanto em toneladas. Ele avalia que, além de agregar valor à transação, qualifica a exportação e fortalece o mercado de orgânicos. ?Com a identificação oficial, no futuro, os exportadores poderão conseguir tarifas mais vantajosas?, prevê.
Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o preenchimento do campo no registro de exportação é voluntário e não representa qualquer despesa ou burocracia extra para o exportador. Além de permitir que o mercado seja mensurado, a resolução também visa saber quem são os compradores e os principais produtos que saem do País, entre outros itens.
Inserção internacional
?Os produtores têm de encontrar caminhos alternativos para alcançarem os outros países. Para a agricultura familiar, entrar no mercado internacional com produtos convencionais é muito mais difícil?, afirma Stéfano Ilha Dissiuta, técnico em produção da Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), no Rio Grande do Sul.
Desde 2005, a Ecocitrus exporta suco de laranja e tangerina para a Itália. No ano passado, a cooperativa enviou para o mercado italiano um contêiner (cerca de 18 toneladas) de suco concentrado. Para 2006, existe a perspectiva de fechar negócio para exportar até três contêineres. Na opinião de Dissiuta, a resolução da Camex que cria a especificação de produto orgânico no registro de exportação, será um instrumento importante para diagnosticar o tamanho desse mercado. ?Tamanha a demanda de orgânicos, a Ecocitrus não consegue atender sozinha?, conta ele.
Já José Augusto Sant?Ana, presidente da Federação das Associações Comunitárias Rurais de Iuna e Irupi (Faci), no Espírito Santo, observa que o interesse dos estrangeiros pelos produtos ecológicos tem se intensificado. ?Além de ser um produto mais aceitável, tem melhor preço?, ressalta. De acordo com Sant?Ana, enquanto a saca de café convencional custa R$ 180, a de café orgânico sai a R$ 500.
