A produção industrial brasileira teve o pior primeiro trimestre desde 2009, quando recuou 14,2%. Nos três primeiros meses de 2016, a queda chegou a 11,7%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o avanço de 1,4% registrado em março ante fevereiro foi o mais acentuado desde janeiro de 2014, quando a produção tinha crescido 1,8%.
Abaixo do pico
O avanço de 1,4% na produção industrial em março ante fevereiro não muda o cenário nem a tendência de queda no setor, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. Mesmo com a alta recente, a indústria ainda opera 20,5% abaixo do seu pico de produção, registrado em junho de 2013, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física.
“Claro que esse resultado é melhor do que mais uma taxa negativa. Mas não reverte a tendência de queda que essa produção industrial vem nos mostrando”, afirmou Macedo.
A média móvel trimestral permanece em território negativo há 17 meses consecutivos, ressaltou o pesquisador. “Embora tenha reduzido a magnitude de perda (-0,3% em março ante -1,1% no mês anterior), ainda assim indicador de tendência permanece nesse cenário negativo”, declarou.
Embora a alta na produção em março tenha sido a mais acentuada desde janeiro de 2014 (1,8%), o avanço não elimina as perdas registradas em meses anteriores. Em fevereiro ante janeiro, a indústria teve retração de 2,7%.
“O crescimento da indústria na margem não suplanta as perdas passadas, não suplanta nem a perda de fevereiro”, apontou Macedo.
Bens de capital
O crescimento na produção de bens de capital ainda não significa uma mudança na intenção de investimentos de empresários, afirmou Macedo. A fabricação de bens de capital avançou 2,2% em março ante o mês anterior, após já ter registrado duas altas consecutivas (0,5% em fevereiro e 0,3% em janeiro).
“Bens de capital crescem por três meses em sequência, mas não significa que mudou a decisão dos empresários de investimentos. A categoria cresce sobre uma base de comparação muito deprimida”, justificou Macedo.
Na passagem de fevereiro para março, houve elevação na produção de bens de capital para o setor agrícola, energia elétrica e máquinas e equipamentos para o setor industrial. Macedo considera que possa ter ocorrido também uma influência da retomada gradual de parques industriais que estavam em regime de férias coletivas.
Nos três últimos meses, a fabricação de bens de capital avançou 3,1%. No entanto. Nos três meses imediatamente anteriores (de outubro a dezembro de 2015), a categoria acumulou uma perda de 11,2%, ressaltou Macedo.
“Observando os dados, o retrato que a gente tem para o mês de março permanece de trajetória de queda, mesmo considerando que todas as categorias econômicas na margem mostraram taxas positivas”, ressaltou o pesquisador.
Em relação a março de 2015, a produção de bens de capital despencou 24,5%. Todas as demais categorias de uso também registraram taxas negativas.