Produção industrial segue crescimento sustentável

Depois de registrar índices ora positivos, ora negativos, ao longo dos últimos dez anos, o crescimento da produção industrial do Paraná está acontecendo, finalmente, de maneira sustentável. É o que apontam os indicadores da indústria paranaense divulgados ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR). Conforme o levantamento, a produção industrial do Paraná cresceu 10,05% no ano passado. Em 2003, a alta havia sido de 5,67%. No País, o crescimento no ano passado foi de 8,52%.

?É a terceira vez, em dez anos, que se tem crescimento mantido em dois anos seguidos?, apontou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, referindo-se aos dados regionais. Anteriormente, os crescimentos consecutivos aconteceram em 93 e 94 e depois de 96 a 98. ?Como a expectativa é de novo crescimento da economia, 2005 seria o terceiro ano consecutivo de alta na produção industrial?, apontou. Só que diferentemente do período de 96 a 98 – quando o maior crescimento foi de 5,8% -, dessa vez ele aconteceria em patamares mais elevados.

?Estamos com um quadro muito positivo. O bom desempenho da indústria paranaense está repercutindo tanto no nível de emprego, como nas negociações salariais e aumentos reais?, apontou Cid Cordeiro.

No ano, o setor com maior crescimento da produção foi o de veículos automotores, com aumento de 50,57% sobre o acumulado de 2003. Em seguida, aparecem os setores de edição, impressão e reprodução de gravações (crescimento de 39,71%) e máquinas e equipamentos (21,34%). Na outra ponta, apresentaram queda da produção os setores de refino de petróleo e álcool (-11,89%), outros produtos químicos (-10,48%), minerais não-metálicos e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,25%). ?A produção paranaense poderia ter sido bem maior, não fosse a parada técnica da refinaria da Petrobras?, apontou o economista Sandro Silva, referindo-se ao período de quase dois meses em que a refinaria ficou fechada para manutenção.

Emprego

O aumento da produção industrial refletiu diretamente no nível de emprego. Em 2004, o saldo de empregos foi de 47.860 – quase 180% a mais do que em 2003, quando o saldo ficou em 17.187. A maior parte das vagas (quase 66%) foram geradas no interior do Estado. O setores que mais empregaram foram a indústria de alimentos e bebidas (14.889 empregos), indústria têxtil do vestuário (7.352), indústria do material de transporte (5.893) e indústria da madeira e mobiliário (5.365).

O crescimento do nível de emprego no Paraná, conforme o Ministério do Trabalho, foi de 11,11% no ano. Em termos de geração de vagas, ficou na quarta posição, atrás apenas do Amazonas (21,25%), Pará (14,42%), Rio Grande do Norte (11,63%) e Bahia (11,41%). A média nacional foi 9,36%.

Agroindústria empregou 45%

Do total de empregos gerados no Estado no ano passado, 45% – o que corresponde a 21.463 vagas – foram na agroindústria, com destaque para o setor de abate e preparação de produtos de carne e pescado (6.345 empregos), produção de álcool (4.349) e fabricação de produtos de madeira (2.619).

De acordo com Cid Cordeiro, mesmo com a agricultura passando por dificuldades – a previsão é de quebra da safra, e os preços agrícolas continuam baixos na cotação internacional -, a produção industrial em 2005 não sentirá efeitos negativos. ?O desempenho da agricultura vai prejudicar a dinâmica regional do emprego, com crescimento menor no interior. Mas a produção industrial não vai ser afetada, porque as culturas com queda de preço (como milho e soja) são pouco processadas no Paraná?, explicou. ?Vai afetar sim, a balança comercial do Estado.?

Perfil

Sobre o perfil do saldo de trabalhadores na indústria paranaense, o levantamento do Dieese-PR aponta que 65,5% dos contratados em 2004 eram do sexo masculino, 63,7% tinham o ensino médio completo ou incompleto, quase 70% tinham entre 18 e 29 anos. Além disso, a maioria demitida estava há menos de seis meses no emprego e a faixa de rendimento médio era de até três salários mínimos.

Em relação aos aumentos salariais, o levantamento do Dieese-PR aponta que 31,58% dos trabalhadores da indústria paranaense conseguiram zerar a inflação em 2004 e 60% tiveram aumentos reais. A folha de pagamento, em média, teve aumento real de 4,40%. (LS)

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