Foto: Arquivo/O Estado

Crise no setor madeireiro se reflete no setor industrial.

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Depois de dez meses consecutivos de queda, a produção industrial do Paraná finalmente quebrou o jejum e voltou a crescer, fechando o mês de maio com variação positiva de 0,9% na comparação com igual mês do ano passado. Com o leve crescimento, o Paraná ainda mantém taxas negativas tanto no acumulado no ano (-4,3%), como no acumulado nos últimos doze meses (-3,0%). Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em maio, sete dos quatorze setores pesquisados tiveram resultados positivos, com destaque para a indústria de alimentos – que cresceu 6,2%, puxado sobretudo pela produção de açúcar cristal -, refino de petróleo e produção de álcool – com crescimento também de 6,2%, por conta do acréscimo no item gasolina -, além de edição e impressão (9,2%), decorrente, em grande parte, do crescimento na produção de livros e brochuras.

Na outra ponta, as maiores pressões negativa vieram do setor de madeira (-13,8%) – influenciado pelas quedas na produção de painéis para assoalhos de madeira e folhas para folheados e compensados – e setor de veículos automotores (-3,5%), com o recuo na produção de automóveis.

Janeiro a maio

No acumulado do ano (janeiro a maio), a produção industrial do Paraná reduziu 4,3% na comparação com igual período do ano passado – a maior queda entre os quatorze locais pesquisados pelo IBGE. Mais uma vez, sete dos quatorze ramos pesquisados registraram taxas negativas.

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As principais contribuições negativas para a formação do índice geral vieram de veículos automotores (-15,1%) – puxada pela redução de bombas injetoras para veículos -, máquinas e equipamentos (-13,2%) – por conta de máquinas para trabalhar matéria-prima para fabricar pasta de celulose – e setor de madeira (-11,9%) – com a redução na produção de madeira folheada e compensada.

Em sentido contrário, os maiores impactos positivos foram observados em celulose e papel (6,7%), conseqüência do aumento no item papel cartão e kraft; e borracha e plástico (16,3%), devido, em grande parte, ao crescimento de tubos, canos e mangueiras de plástico e películas de plástico.

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No indicador acumulado nos últimos doze meses, a indústria paranaense, na passagem de abril (-2,0%) para maio (-3,0%), confirma a trajetória de queda da produção, iniciada em julho do ano passado, segundo o IBGE.

Dados nacionais

Em âmbito nacional, a produção industrial cresceu em doze dos quatorze locais pesquisados pelo IBGE. Com crescimento acima da média nacional (4,8%), destacam-se: Pará (17,9%), Goiás (9,3%), Minas Gerais (8,5%), São Paulo (6,7%), Bahia (6,6%), Espírito Santo (5,0%), Pernambuco (5,0%), Ceará (4,9%) e nordeste (4,9%). Também com taxas positivas figuram: Rio de Janeiro (4,3%), Santa Catarina (2,7%), além do Paraná (0,9%). Apenas Rio Grande do Sul (-1,9%) e Amazonas (-5,7%) recuaram.

Já no acumulado do ano, a produção cresceu em onze áreas, com destaque para o Pará (alta de 13,2%), favorecido pelo resultado da indústria extrativa, em decorrência do aumento na extração de minérios. Os três resultados negativos vieram da Região Sul: Santa Catarina (-0,7%), Rio Grande do Sul (-3,2%) e Paraná (-4,3%).

Fiesp revisa para baixo projeção de expansão do PIB

São Paulo (AE) – O diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, revisou a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) industrial deste ano de 6% para 3,5%. A revisão para baixo se justifica, de acordo com o diretor da Fiesp, pelo peso que as importações têm exercido no mercado brasileiro, principalmente em relação aos bens de consumo não duráveis, ?já que o mercado de bens duráveis produzidos no País já foi para o espaço há muito tempo?, disse ele, ontem.

Francini manteve a projeção de crescimento do PIB brasileiro para ?cerca de 4%, podendo ficar entre 3,7% e 3,8%?. ?Em anos de sobrevalorização da moeda, o crescimento do PIB industrial tende a ser menor do que o PIB do País?, comentou.

Por isso, Francini esclareceu que a projeção feita no início do ano foi revista e, dentro desta nova perspectiva, o emprego industrial também deverá ser comprometido, com alta de 2% na estimativa dele, tanto para a indústria paulista como para a nacional. ?O emprego na indústria vai fechar com pobreza?, projetou.

O diretor da Fiesp também criticou o ?entusiasmo? com que foi recebida a informação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de crescimento do emprego industrial em maio, com interpretações de que a indústria mostrava ?sinais de recuperação?. ?Apenas alguns setores, que são intensivos em capital, vão bem nas exportações e conseguiram elevar seus preços no mercado internacional. Os setores intensivos em mão-de-obra vão mal, sofrem com as importações, por conta do câmbio sobrevalorizado?, observou.