A produção industrial do País avançou 0,5% em julho na comparação com junho, marcando o quinto mês consecutivo de alta. Em relação a julho do ano passado, a expansão foi de 9,6% -nesta base de comparação, as taxas são positivas desde setembro do ano passado. Com o resultado de julho, a produção acumula alta de 7,8% em sete meses. Já o índice acumulado nos últimos doze meses passou de 3,9% em junho para 5,0% em julho. Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados sobre a produção regional só devem ser divulgados na semana que vem.
O crescimento de 0,5% observado de junho para julho, segundo o IBGE, reflete aumentos de produção em 16 das 23 atividades que têm séries ajustadas sazonalmente. Os destaques são veículos automotores (5,4%), produtos de metal (7,0%), fumo (24,2%) e bebidas (4,9%). Na ponta contrária, farmacêutica (-6,3%), outros produtos químicos (-1,3%) e outros equipamentos de transporte (-6,1%) apresentaram as maiores quedas na produção.
Sobre junho, a produção de bens de consumo duráveis – como eletrodomésticos -manteve taxa positiva (1,1%), embora abaixo do ritmo de três meses anteriores (3,7% em média). A produção de bens intermediários também cresceu (2,3%). Já a atividade de bens de capital caiu 1,1%, interrompendo quatro meses de alta, e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis recuou 1%.
Segundo o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Sales, o aquecimento que até agora vinha exercendo influência apenas no segmento de bens duráveis, começa a se espalhar. O setor de bens intermediários, por exemplo, registrou crescimento de 9,9% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, superando, pela primeira vez e desde março, a média global de 9,6% da indústria.
Além do efeito da safra de fumo em 2004, o setor foi positivamente influenciado pelos aumentos observados em insumos para construção civil (9,3%), autopeças (29,5%) e embalagens (4,3%).
“Os bens intermediários não só responderam às exportações, como é o caso da indústria de fumo (171%), como também à expansão do nível de atividade”, diz Silvio. Ele explica que os bens de capital e de consumo duráveis – que respondem às expectativas do mercado interno e à melhora do crédito – mais uma vez lideraram a produção da indústria em julho.
Ano
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o resultado de 9,6% reflete o crescimento em 24 dos 27 setores pesquisados. A indústria de veículos automotores (39,5%) se mantém como a de maior impacto positivo na formação da taxa global, seguida pelas de máquinas e equipamentos (21,8%) e fumo (171,0%). No caso do fumo, o IBGE lembra que essa expansão é resultado ainda da baixa base de comparação verificada no ano passado, quando a produção foi prejudicada por problemas climáticos que atingiram as plantações.
A produção de bens de consumo duráveis aumentou 27,3% e a de bens de capital, 23,9%. A de bens intermediários expandiu-se 9,9% e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 3,2%. “A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, mais sensível à evolução da massa de rendimentos, apresenta um ritmo de recuperação bem mais moderado”, completou o economista do IBGE.
No acumulado do ano, 23 atividades apresentam aumento na produção. Fabricação de veículos (28,0%) sustenta a liderança das atividades, em termos de impacto sobre o índice global.
Vendas e emprego também em alta
As vendas reais da indústria de transformação brasileira cresceram 19,45% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Na comparação com junho, as vendas industriais tiveram queda de 3,31%.
Com isso, o comportamento das vendas interrompeu uma seqüência de quatro meses com crescimento médio mensal de 2,65%.
De acordo com o estudo, os resultados indicam o acomodamento da atividade industrial, que experimentou um forte crescimento no primeiro semestre do ano.
“Isso não significa interrupção da tendência de crescimento, simplesmente uma correção para bases sustentadas do ritmo de crescimento das vendas da indústria”, afirma o boletim.
No ano, as vendas acumulam alta de 17,22%. Apenas Pernambuco apresentou queda de 1,71% nas vendas no período de janeiro a julho. São Paulo (22,46%), Santa Catarina (15,95%) e Amazonas (15,71%) tiveram os melhores resultados.
Emprego
O comportamento do mercado de trabalho foi o destaque dos Indicadores Industriais de julho divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A criação de postos de trabalho na indústria em 2004 supera a dos primeiros anos do Plano Real, período de expressivo crescimento da atividade econômica. “Os resultados são extraordinários”, diz o documento.
O número de pessoas empregadas na indústria aumentou 0,98% em julho, na comparação com junho, na série com ajuste sazonal. Essa é a maior variação desde 1995. De acordo com os dados da CNI, o emprego industrial cresceu em todos os meses de 2004. Na comparação com dezembro de 2003, a alta foi de 4,11%, o que resulta numa média mensal de crescimento de 0,58%.
Em relação a julho de 2003, o contingente de trabalhadores da indústria de transformação aumentou em 4,07%, empatando com abril de 1995. Essa é a maior taxa de variação em 12 meses de toda a série histórica dos Indicadores Industriais, que se iniciou em 1992. No acumulado do ano, a variação foi um pouco menos acentuada, de 1,57%. Ainda assim, com exceção de 1995 e 2001, não se observa um início de ano tão promissor para o mercado de trabalho industrial. Apenas Bahia (-5,15%), Rio de Janeiro (-2,09%) e Paraná (-0,34%) tiveram resultado negativo no período de janeiro a julho. Goiás (11,8%) e Amazonas (8,64%) foram os estados que mais contrataram.