A produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em março, mas fechou o primeiro trimestre de 2006 com expansão de 4,6%, na comparação com o mesmo período de 2005, revelou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As quedas mais significativas foram registradas nos ramos de farmacêutica (-14,3%), bebidas (5,5%) e veículos automotores (-1,7%). Entre as pressões positivas, destacaram-se os setores de material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,8%), celulose e papel (1,9%) e alimentos (0,6%).
Segundo Sílvio Sales, chefe de Coordenação da Indústria do IBGE, em março houve um movimento oposto ao que foi observado no mês anterior.
?Houve queda exatamente nos setores que registraram expansão em fevereiro na comparação com janeiro.? Naquele mês, o crescimento foi de 24,5% no ramo de farmacêutica, 3,3% em bebidas e 4,7% em veículos automotores.
Para Sales, a oscilação da indústria pode representar uma acomodação da produção em relação à demanda. ?A questão dos estoques está cada vez mais fina?, afirmou.
Na comparação com março de 2005, a produção industrial cresceu 5,2%. A expansão da atividade nos três primeiros meses de 2006 foi de 1,2% sobre o quarto trimestre de 2005.
O crescimento acumulado nos últimos 12 meses é de 3,3%, interrompendo uma trajetória de queda observada ao longo do ano passado.
Salles acredita, no entanto, que não há risco de redução contínua na produção. ?Os indicadores macroeconômicos como um todo favorecem uma evolução positiva da atividade econômica, em especial da produção industrial este ano?, afirmou. Segundo ele, a melhora do mercado de trabalho, a inflação em queda e o aumento da oferta de crédito são os indicadores que sugerem uma estabilidade da produção.
O técnico do IBGE lembra ainda que a indústria chegou ao seu nível máximo de produção em dezembro e, mesmo, com esta queda em março, se situa 0,5% abaixo do recorde histórico. ?Daí essa nossa leitura de uma estabilização em um patamar elevado?, acrescentou.
A Pesquisa Industrial Mensal mostra também ampliação no ritmo de crescimento da indústria no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A expansão alcançou 4,6%. A produção de bens de consumo duráveis e de bens de capital foi a principal responsável por esse índice.
No setor dos duráveis, o crescimento registrado no período foi de 14,9%, tendo como destaque a produção de automóveis (12,6%) e de eletrodomésticos (13,9%). Já no ramo de bens de capital, o crescimento foi puxado pela produção de equipamentos para as áreas de energia elétrica (45,2%) e para construção (21,4%).
De acordo com Sílvio Salles, a expansão do setor de bens de consumo duráveis se justifica pelo crescimento do consumo interno. ?É um segmento que se beneficia com a ampliação do crédito, o aumento da massa salarial e da queda nos preços dos alimentos?, explicou.
