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A produção da indústria brasileira registrou queda de 0,4% em outubro na comparação com setembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do pior resultado desde fevereiro. Em setembro, a produção havia caído 0,2% (número revisado), após subir nos seis meses anteriores.

Segundo o IBGE, os índices em outubro revelam um movimento de ?suave redução do ritmo da atividade industrial?. No entanto, o coordenador da pesquisa, Sílvio Sales, disse não existir uma tendência de queda na indústria. Para ele, alternar momentos de crescimento e de ajustes é "natural". "Olhando a capacidade instalada e o nível de emprego na indústria, vê-se que os indicadores continuam avançando."

O fim do crescimento da produção coincide com a retomada do movimento de alta da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). Em setembro, o Banco Central elevou os juros em 0,25 ponto percentual e avisou que estava apenas começando um processo de ajuste. Depois aumentou os juros em 0,5 ponto em outubro, em 0,5 ponto em novembro e, segundo analistas, deve fazer uma nova elevação de 0,5 ponto em dezembro.

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Segundo o IBGE, o movimento negativo da produção foi generalizado e alcançou todas as categorias de uso. Mesmo com a proximidade do Natal, a queda mais forte foi no segmento de bens de consumo duráveis (fogões, geladeira e carros, por exemplo), de 2,3%. Em setembro, esse setor já havia caído 2%.

Na avaliação do IBGE, a queda no segmento de bens duráveis foi motivada por um crescimento anterior apoiado na ampliação do crédito, e não dos salários. "Está ocorrendo uma redução das compras apoiadas no endividamento. Os consumidores já estão com a renda comprometida", disse Sílvio Sales.

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Ele lembrou que o setor foi o que mais cresceu neste ano, com alta de 16,2% entre fevereiro e agosto deste ano. Seria, portanto, natural uma acomodação.

Já o segmento de bens de capital (máquinas e equipamentos) teve queda de 1,3%. O resultado sinaliza menores investimentos da indústria.

Por sua vez, os bens de consumo não-duráveis (alimentos) e semiduráveis (roupas, por exemplo) registraram queda de 1,1% depois de obterem em setembro a maior taxa de crescimento no ano (1,5%).

Analistas destacam que a capacidade instalada no limite e os gargalos de crescimento podem se tornar entraves a uma maior expansão da atividade industrial.

A melhora na base de comparação também dificulta a obtenção de avanços expressivos no crescimento da indústria. A indústria e a economia brasileira em geral tiveram um desempenho muito fraco no ano passado, o que facilita um forte crescimento no início do processo de retomada. Depois, quando a indústria já recuperou níveis históricos de produção, a tendência é de que o crescimento volte ser mais suave.

Setores

Das 23 atividades pesquisadas pelo IBGE, somente oito registraram crescimento de setembro para outubro, com destaque para refino de petróleo e produção de álcool (2,8%) e máquinas e materiais elétricos (4%). No lado negativo, destacam-se alimentos (-3%), borracha e plástico (-6,4%), veículos automotores (-1,7%) e perfumaria (-6,3%).

Em relação a outubro do ano passado, a produção industrial cresceu 2,7% no mesmo mês de 2004.

De janeiro a outubro, a indústria acumula crescimento de 8,3%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 7,4%. Por isso, o IBGE já prevê que a indústria tenha em 2004 crescimento acima de 7%, o que seria o melhor resultado desde 1995.

Setor vai fechar o ano em alta

O crescimento da indústria em 2004, deverá ser o maior desde 1994 segundo os dados já disponíveis até outubro, do IBGE. Neste ano, a indústria já acumulou 8,3% de alta e nos últimos 12 meses a alta é de 7,4%. Em 1994, o primeiro ano do Plano Real, o setor apresentou a expansão de 7,6%.Os investimentos também devem apresentar a maior taxa de crescimento de todo o período do Plano Real, quando se analisa a produção de bens de capital. Nos últimos 12 meses até outubro, as máquinas e equipamentos tiveram uma alta de produção de 21,1%. Em 1994, a taxa de crescimento para este grupo alcançou 18,7%.

O coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, afirma que o crescimento da indústria em 2004 atingiu a maioria dos segmentos.