Rio de Janeiro – A produção industrial do país recuou 0,4% em julho, interrompendo uma seqüência de nove meses consecutivos de crescimento. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda na produção ocorreu em 12 dos 23 ramos industriais avaliados.
Para coordenador da pesquisa, Silvio Sales, os resultados de julho, no entanto, não afetam a trajetória positiva da indústria, pois vêm logo após um longo período de crescimento, e outros indicadores continuam mostrando avanço na produção.
?A queda sinaliza mais um movimento de acomodação da produção, se olharmos os demais indicadores – média móvel trimestral, acumulado do ano -, cuja tendência se mantém positiva. Então, a trajetória dos índices como um todo, apesar dessa redução de 0,4%, se mantém positiva?, explicou.
De janeiro a julho, a produção industrial acumula alta de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já a média móvel do trimestre encerrado em julho foi 0,6% maior do que a registrada nos três meses fechados em junho.
Segundo o levantamento do IBGE, os segmentos que mais contribuíram para a taxa negativa de 0,4% foram o de alimentos, com redução de 2,5% na produção, e o de refino de petróleo e produção de álcool, onde o recuo foi de 3,5%.
No caso dos alimentos, este foi o segundo mês de queda. Enquanto em junho a produção da indústria alimentícia caiu 0,1%, principalmente em função de carnes e leite, em julho o motivo da redução foi concentrado na indústria açucareira. Já a indústria de combustíveis vinha de um crescimento de 3,8% em junho.
Na avaliação de Sales, o recuo na produção de alimentos e na área de combustíveis pode ter relação com a safra da cana-de-açúcar, já que a cultura é utilizada como matéria-prima em ambos os casos onde houve as maiores reduções.
Também foi registrado recuo na produção de máquinas e equipamentos (2,7%), de produtos de metal (5,4%) e farmacêutica (3,8%). Todas elas com desempenho positivo no mês anterior.
Em relação a julho de 2006, a pesquisa do IBGE apontou alta de 6,8% na produção da indústria brasileira, maior crescimento desde dezembro de 2004. O avanço observado nesta comparação é resultado, principalmente, do bom desempenho da indústria de veículos, que aumentou em 18,3% sua produção.
Outros impactos positivos vieram das atividades industriais ligadas a máquinas e equipamentos (17%), outros produtos químicos (12,1%) e máquinas e materiais elétricos (17,2%). Nestes segmentos os destaques foram maquinário utilizado na indústria, herbicidas e fertilizantes e transformadores.
Tiveram desempenho negativo, a indústria do fumo, com redução de 22,5%, e de alimentos, com queda de 1,3%.
Do ponto de vista das categorias de uso, as que mais cresceram foram as de bem de capital (itens utilizados no processo produtivo), com alta de 19%, e a de bens de consumo duráveis (como automóveis e eletrodomésticos), que avançou 15,1%.
Segundo Sales, os números mostram ?o ânimo das empresas de contratar investimentos e o aumento da demanda interna apoiada na ampliação de prazos de financiamento para compras no varejo".
O levantamento do IBGE registrou ainda crescimento de 66,3% na produção de bens de capital agrícolas, apontando a recuperação do setor após as perdas de 2006.