Rio (ABr) – A produção industrial brasileira fechou o mês de agosto com alta 1,1%, em relação a julho, acusando a sexta taxa positiva nesse tipo de comparação, na série livre de influências sazonais. Nos últimos seis meses (março a agosto) o parque fabril já acumula um crescimento de 7,8%. Ao longo dos primeiros oito meses de 2004 a expansão da indústria acumula também crescimento significativo (8,8%).

Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil do mês de agosto, divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números indicam, ainda, que quando a comparação se dá entre agosto 2003/agosto 2004, a alta sobe para 13,1% – neste caso a décima segunda taxa positiva consecutiva. Além de manter uma seqüência de seis taxas positivas consecutivas, o crescimento de 1,1% verificado de julho para agosto, reflete expansões em doze das 23 atividades pesquisadas pelo IBGE e em três das quatro categorias de uso.

Entre as 23 atividades, os destaques ficaram com os setores de refino de petróleo e produção de álcool (1,1% de alta); outros produtos químicos (1,8%); e material eletrônico e equipamentos de comunicação (4,8%). Nas categorias de uso os destaques são bens de capital (máquinas e equipamentos), que entre julho e agosto avançou 2,3%; e bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) com 2,2%. Segundo o IBGE, desde março de 2004 que ambos os setores mostram resultados positivos período em que acumularam altas de, respectivamente, 14% e 17%.

Enquanto o setor de bens intermediários fecha com expansão de 0,3% (7,6% no acumulado desde janeiro), a produção de bens de consumo semiduráveis fechou negativo em 0,3%, a única entre as quatro categorias de uso a apresentar queda entre julho e agosto.

Quadro favorável

O crescimento acumulado de 7,8% na produção industrial dos últimos seis meses é um fato que não se verificava desde o período de junho a dezembro de 1994, quando o País vivia ainda sob o impacto da estabilização de preços decorrente do Plano Real. A afirmação é do chefe da coordenação do Departamento Industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sílvio Sales.

Segundo ele, o quadro é “bem favorável”. A indústria, com o crescimento de 1,1% entre julho e agosto, completa seis meses consecutivos de expansão e não há tendência de que esse processo possa ser revertido no curto prazo, afirma Sales. “Nessa trajetória há um claro destaque para a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos para a indústria), bens duráveis (eletrodomésticos, automóveis, celulares), setores que puxam esse ritmo. Bens intermediários (matérias-primas e insumos) crescem na média industrial e bens não duráveis (medicamentos, vestuários e bebidas) em um ritmo mais discreto”, revela.

Sales diz que há um conjunto de indicadores que apontam para a manutenção desse crescimento no curto prazo. “Nós não projetamos. Mas o fato é que você tem dois terços do ano já apurados. Faltam quatro meses. Temos crescimento acumulado de 8,8% de janeiro a agosto. Juntando isso tudo com as estatísticas de outras fontes já disponíveis: exportações e importações continuando fortes, a Sondagem Conjuntural da FGV com perspectivas favoráveis para o final do ano, inadimplência declinante”, revela.

De acordo com Sales, como a atividade, principalmente a demanda interna, se concentra no final do ano, e o cenário é favorável, isso pode “conduzir à idéia de que você terá um final do ano bom, com estímulo ainda maior para a atividade industrial dos próximos meses. Então, há um conjunto de indicadores que levam à idéia de que esse processo não está ameaçado de revertem-se no curtíssimo prazo”.

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