Produção imobiliária de Curitiba fecha em queda

Contrariando as expectativas otimistas do início do governo Lula, a produção imobiliária em Curitiba deve encerrar o ano com queda de 15% em relação ao ano passado, totalizando 450 mil metros quadrados construídos nos segmentos residencial e comercial. A projeção foi apresentada ontem pelo presidente do Sinduscon/PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná), Ramon Andres Doria, ao divulgar o balanço anual do setor. Em 2002, foram construídos 528.848 metros quadrados, 42% menos que em 2001 e 68% inferior a 2000, quando o mercado construtor atingiu o patamar recorde de 1.638.692 metros quadrados construídos. Para 2004, o setor prevê crescimento, mas ainda distante do volume de 2000.

“O governo induziu todo o povo brasileiro no discurso da retomada do crescimento, que passaria fatalmente pela reativação da construção civil e pela indústria do turismo, mas até agora, infelizmente, não aconteceu nada”, disse Doria. Segundo projeção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, o PIB da construção deve fechar o ano com queda de 8%. Além da desaceleração da economia, outros fatores que influenciaram negativamente no segmento em 2003 foram a redução dos investimentos em obras públicas, a retração nas obras industriais, a alta taxa de juros, a escassez de recursos para a produção de moradias e a queda na renda da população.

De acordo com o Sinduscon/PR, a área total liberada para novas construções nos dez primeiros meses de 2003 foi de 1.098.432 metros quadrados, 40% menos que no mesmo período do ano passado. Das 6.444 unidades liberadas, 5.352 são destinadas ao uso residencial e 1.092 para fins comerciais. No segmento residencial, 64% são empreendimentos horizontais com até três pavimentos em bairros como o Novo Mundo, Tatuquara, Fazendinha, Xaxim e Boqueirão. Das novas residências, 44% tem entre 50 e 100 metros quadrados de área. “Há três anos, 60% eram construções verticais, hoje menos de 20%”, destaca o diretor do Sinduscon/PR, Erlon Rotta Ribeiro. Essa mudança de perfil, segundo ele, decorre da falta de financiamento dos agentes financeiros.

Também pressionaram negativamente o setor, em 2003, o aumento médio de 14,91% no Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil até novembro – superando o IGP-M de 8,04% no período, e a elevação da carga tributária. Em 2003, o setor sentiu a não-cumulatividade do PIS – cuja alíquota passou de 0,65% para 1,65% – e não pode ser creditada sobre a mão-de-obra, que é o componente de maior peso no custo da construção. Em 2004, a Cofins – que também não pode ser abatida sobre a mão-de-obra – passa de 3% para 7,6%. Numa casa popular, os impostos representam 46,71%, conforme estudo do Sinduscon/PR.

Mesmo com os números negativos, o Paraná teve um desempenho acima da média. Enquanto o consumo de cimento caiu 11% na Região Sul, no Estado, a queda foi de 6%. O baixo nível de atividade resultou na eliminação de 2.349 postos de trabalho na construção em Curitiba, de janeiro a outubro. “Mas outros segmentos, como reformas, que não dependem de vistoria, e pavimentação, demandam mão-de-obra informal”, assinala Doria.

Perspectivas

Para 2004, o segmento vislumbra um cenário mais favorável. “Acredito que existem todas as condições para o setor produzir mais, saindo desse represamento dos últimos três anos”, avalia o presidente do Sinduscon/PR. Um dos motivos para o aquecimento, segundo ele, é a promessa da Caixa Econômica Federal de dobrar o valor destinado à produção de moradias populares, de R$ 2 bilhões para R$ 4 bilhões – sendo R$ 140 milhões para o Paraná. O déficit habitacional é de 230 mil moradias no Paraná e de 70 mil em Curitiba.

“A participação do setor privado junto com a Caixa alavancaria o mercado e geraria muitos empregos”, enfatiza o presidente da Ademi/PR (Associação dos Dirigentes de Empresas Imobiliárias do Paraná), Volmir Sellig, destacando que, em Curitiba, são criados quase três empregos por metro quadrado de obra.

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