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Pátio de montadora: juro menor favorece as vendas. |
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, ressaltou ontem que as vendas de veículos, a produção e as exportações em valores do setor em janeiro – na comparação com janeiro do ano passado – foram as melhores da história para o mês. Segundo o executivo, a redução da taxa de juros continua sendo um dos principais fatores do crescimento do setor.
Golfarb lembra que em janeiro de 2006 a taxa Selic era de 17,25% ao ano, contra os 13% atuais, o que reflete diretamente na redução dos juros para financiamento de automóveis. Segundo ele, no início do ano passado a taxa média praticada para essas operações era de 25,9% ao ano, ante 21,4% ao ano de janeiro de 2007.
A expansão dos prazos de financiamento também contribuiu. De acordo com o presidente da Anfavea, 51% das operações de financiamento realizadas em janeiro de 2007 tiveram prazos acima de 36 meses, ante 33% de janeiro do ano passado. O executivo acrescentou, ainda, que o volume de crédito disponível para o setor cresceu para R$ 64 bilhões em janeiro deste ano, contra R$ 50 bilhões no mesmo período de 2006.
O aumento de 3,1% nas exportações em janeiro, sobre o mesmo mês do ano passado, para US$ 826,3 milhões, também é recorde para a história do setor. Em unidades, no entanto, houve uma redução na comparação com o mesmo intervalo de 2006, de 17,4%, para 57,8 mil unidades. ?Essa queda é reflexo da continuidade do ajuste de preços para cima, o que acarreta em uma redução no volume?, afirmou Golfarb.
O executivo informou, ainda, que a produção de 203,7 mil unidades registradas em janeiro é outro recorde do setor e deve-se à tentativa por parte das empresas de recuperar os estoques. Segundo dados da Anfavea, o total de estoques em janeiro de 2007 era de 146,536 mil unidades, o equivalente a 29 dias de produção. Em dezembro de 2006 os estoques eram de 134,526 mil unidades, o correspondente a 20 dias. Golfarb ressaltou que apesar de ter crescido, os estoques continuam abaixo da média dos últimos cinco anos, que é de 35 dias de produção.
De acordo com dados da Anfavea, o setor abriu 495 novos postos de emprego em janeiro deste ano, totalizando 106.845 empregos gerados pelo setor. Segundo a Anfavea, o setor automotivo e de autopeças responde atualmente por 14,9% do Produto Interno Bruto industrial. Do PIB total, o segmento responde por uma faixa entre 4,5% e 5%.
Queda
As vendas de automóveis em janeiro de 2007 tiveram queda de 25,3% em relação a dezembro de 2006, segundo a Anfavea.
A produção das montadoras instaladas no País somou 203,7 mil unidades no primeiro mês do ano, o que representa uma expansão de 7,5% em relação a dezembro de 2006 e um crescimento de 4,25 em relação a janeiro do ano passado.
As exportações do setor totalizaram US$ 826,3 milhões, com uma retração de 24,2% ante dezembro e crescimento de 3,1% na comparação com janeiro do ano passado.
Vendas no Paraná também surpreendem
Surpresa para os empresários paranaenses. O que deveria ser um período fraco em vendas devido ao acúmulo de tributos da época, como IPVA e IPTU, além do material escolar, janeiro não afetou o desempenho do setor automotivo no Estado.
Dados da Fenabrave-PR (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Seccional Paraná) informam que as vendas do Estado chegaram a 22.889 em janeiro, 14,06% mais que no mesmo mês de 2006, quando foram comercializadas 20.068 unidades.
Na mesma comparação (janeiro/2007 e janeiro/2006), as motocicletas cresceram 18,68%, passando de 7.351 para 8.724 unidades. Os automóveis cresceram 13,31%, de 9.834 para 11.143. Os comerciais leves apresentam aumento de 7,41%, passando de 1.741 para 1.870 e os implementos rodoviários, de 502 para 526, um crescimento de 4,78%.
A queda ocorreu apenas nos segmentos pesados, caminhões e ônibus, respectivamente de 0,67% e 21,28%, considerando que esse último apresentou crescimento significativo em 2006.
Entretando, na comparação com dezembro, um dos melhores meses do ano passado, quando foram vendidos 26.279 veículos, janeiro teve baixa de 12,90%.
Carga tributária preocupa mais do que real forte
São Paulo (AE) – Apesar da recente queda da taxa de câmbio, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, afirmou ser a favor do câmbio flutuante. O executivo explicou que, apesar da recente redução, o câmbio tem se mantido estável, o que favorece o planejamento das indústrias.
De acordo com dados da entidade, 33% da produção seguem para exportação e um câmbio muito desvalorizado afeta a competitividade. Golfarb prefere culpar, no entanto, a alta carga tributária. ?A CPMF (imposto sobre cheque) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) afetam negativamente a competitividade do setor no mercado internacional. Claro que o câmbio não é motivador, mas a questão tributária é prioritária?, disse.
O executivo ressaltou que o setor tem atualmente créditos de ICMS superiores a R$ 3 bilhões, o que, na sua opinião, é um entrave para exportação como um todo, não somente do setor automotivo. Na avaliação do presidente da Anfavea, o Brasil precisa avançar nas negociações de novos acordos comerciais que melhorem o acesso do produto brasileiro ao mercado internacional.
Golfarb atenta, no entanto, que é esperado um aumento da complexidade dessas discussões em 2007, devido ao aumento de membros do Mercosul, do cenário eleitoral mundial (?como Argentina, França e Estados Unidos?), além da retomada da Rodada de Doha. ?O que temos de concreto nessa área de acordos comerciais para este ano é muito pouco. Teremos que gastar mais tempo para se dedicar a esse tema?, analisou.
Ele afirmou, ainda, que o Brasil precisa elevar sua escala de produção para competir de perto com países como China e Índia. Segundo o executivo, as montadoras chinesas produzem quase 6 milhões de veículos ao ano, o que coloca o país como terceiro maior produtor do mundo. O Brasil, diz ele, tem uma capacidade instalada total de 3,5 milhões de unidades e trabalha com uma ociosidade de 30%. O executivo lembrou que as montadoras instaladas no Brasil anunciaram investimentos de R$ 12 bilhões, entre 2007 e 2011, para melhoria de produtividade e lançamento de novos produtos.
Segundo Golfarb, o setor tem crescido 10% ao ano nos últimos quatro anos, mas deve registrar um declínio nessa taxa para entre 3,5% a 4% nos próximos anos.
De acordo com a Anfavea, as exportações do setor automotivo respondem por algo entre 18% a 20% do superávit da balança comercial brasileira.
Venda de máquinas mostra recuperação do campo
São Paulo (AE) – O crescimento das vendas internas de máquinas agrícolas sinaliza para o processo de recuperação dos agricultores brasileiros. Na avaliação do vice-presidente da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Persio Luiz Pastre, o processo de recuperação será gradual, diante da forte crise que o setor enfrentou nos últimos dois anos, ?mas o horizonte é promissor?.
O reflexo da crise no setor de grãos foi a redução das vendas de colheitadeiras, que desde maio do ano passado fica em torno de 950 a mil máquinas no período acumulado de 12 meses, de acordo com o Pastre. Mas ele ressalta que este patamar é baixo já que, normalmente, as vendas de colheitadeiras somam cerca de 5 mil unidades no ano.
?As vendas de colheitadeiras tiveram a primeira reação em novembro?, apontou o vice-presidente. Desde então, a comercialização destas máquinas apresenta ligeira alta na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Em janeiro, foram comercializadas 191 unidades, aumento de 11% sobre as 156 máquinas vendidas no mesmo mês em 2006.
O impacto da crise sobre o mercado de máquinas agrícolas só não foi maior porque as vendas de tratores continuaram firmes sustentadas pelo bom desempenho das culturas perenes, como cana-de-açúcar, café e citros. Neste segmento, a comercialização cresceu pelo 9.º mês consecutivo. No mês passado foram vendidas 1.383 tratores de rodas, contra 1.240 unidades comercializadas em janeiro de 2006, um crescimento de 7,5%.
Para este ano, a Anfavaea mantém a projeção de vendas no mercado interno em torno de 29 mil máquinas, incremento de 13% sobre as 25.790 unidades comercializadas em 2006. Pastre observa que o desempenho no setor pode se firmar no segundo semestre, depois que o produtor colher a safra atual. ?Aí poderá haver um salto nas vendas?, projeta.
As vendas internas de máquinas agrícolas em janeiro deste ano cresceram 7% sobre o mesmo mês de 2006. No período foram comercializadas 1.800 unidades. A comercialização foi 4,9% superior na comparação com dezembro de 2006.