Tecnologia

Produção de vinho e suco de uva ganha espaço

A fabricação de vinhos e suco de uva no Paraná não é intensa, mas tem grande potencial de crescimento, impulsionado principalmente pelo turismo. Predominantemente artesanal, a produção no Estado, que acontece principalmente na Região Metropolitana de Curitiba e na região Norte, vem, devagar, se profissionalizando.

Ontem, muitos desses produtores, em diferentes níveis de capacitação, se reuniram em um evento, em Curitiba, para conhecer um pouco mais do mercado e das oportunidades que podem estar perdendo enquanto não se organizam.

O Seminário da Uva e do Vinho é fruto de uma parceria de âmbito nacional realizada entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que pretende capacitar e orientar as empresas na produção e comercialização de seus produtos.

Segundo a consultora e gestora do Programa de Hortifrutigranjeiros do Sebrae/PR em Curitiba e Região, Maria Isabel Guimarães, o Paraná é um Estado representativo na produção nacional de uva e vinho. Há, porém, um problema: “Os produtores não estão organizados. Assim eles teriam mais representatividade”, aponta.

Além disso, Guimarães lembra que muitos fabricantes artesanais não adotam práticas de elaboração e nem procuram seguir as normas estabelecidas para a produção. “Eles usam métodos trazidos da Itália, pelo ‘nono’”, observa. “Queremos levar a eles novos conhecimentos e tecnologia”, conclui.

A consultora do Sebrae/PR calcula que existam cerca de 200 produtores de uva e vinho só na Região Metropolitana de Curitiba, concentrados principalmente em Colombo e São José dos Pinhais.

“Nem todos são legalizados como empresas – são amparados pela lei como produtores rurais. Isso impede o crescimento”, afirma. “Mas por causa do turismo, tudo o que eles produzem, vendem.”

Rentabilidade

O consultor em vitivinicultura Umberto Camargo, que está trabalhando no projeto, confirma que o componente turístico é muito forte no Estado, principalmente na Grande Curitiba.

A produção dessa forma, segundo ele, é altamente rentável, pois não envolve custos de transporte, já que as vendas ocorrem nas propriedades. Ele ressalta, ainda, que o mercado de sucos de uva está em expansão, o que é uma boa oportunidade para os produtores.

Por outro lado, Camargo lembra que a cultura tem várias dificuldades, como a pérola-da-terra, praga que ataca as raízes das videiras – mas pode ser controlada com certa facilidade, segundo ele -, e a falta de mão-de-obra.

A cultura exige muitas pessoas trabalhando e, quanto mais próximas as propriedades estiverem de grandes centros, a chance de fuga dos profissionais para outros setores aumenta.

Tecnologia

O produtor Claudinei Bertoletti, que é de Bituruna, no Sul do Estado, é um exemplo de que a profissionalização vale a pena. Apesar da sua família já produzir vinhos há gerações, ele e os irmãos investiram em especializações, e hoje produzem cerca de 150 mil litros de vinho a cada safra – 80% é vendido diretamente aos turistas, segundo ele. “Não deixamos de elaborar o vinho colonial. Mas agora aplicamos tecnologia para melhorar a qualidade do produto”, diz.