Na contramão do ótimo desempenho da indústria no ano passado, as empresas produtoras de eletrodomésticos de linha marrom (rádio, som, televisores) registraram uma queda de 11,8% na produção, o pior resultado apurado para esse segmento em nove anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo de 2007 zerou os ganhos que a produção desses bens de consumo tinha obtido em 2006 quando, em função da Copa do Mundo, houve crescimento de 11,3%.
O compasso de espera dos consumidores e empresas pela chegada da TV Digital é o principal motivo apontado pelo presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos, Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees), Wilson Périco, e pelo economista do IBGE, André Macedo, para justificar o mau desempenho desse segmento. O Sinaees reúne as maiores indústrias fabricantes de aparelhos de televisão do País.
Périco explicou que a queda mais acentuada na produção ocorreu exatamente nos aparelhos de TV com cinescópio (analógicos), já que os aparelhos de plasma e LCD registraram mais de 100% de aumento, mas respondem por apenas cerca de 10% da produção nacional de televisores. "As ações do governo para ampliação do sinal digital estão demorando a serem implantadas e, por isso, a demanda, que vai crescer muito, hoje é pequena", disse.
Além de estar no sentido contrário da indústria em geral, cuja produção cresceu 6,0% em 2007, a indústria de linha marrom teve desempenho também muito diferenciado dos eletrodomésticos de linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar roupa), que elevaram a produção em 11,1% no ano passado. Nem mesmo o crescimento do crédito e da renda, que impulsionou a produção de bens duráveis em geral (automóveis, eletrodomésticos) e aqueceu o mercado interno em 2007 conseguiu evitar o recuo da produção da linha marrom.