Bebidas

Produção de espumantes moscatéis no Paraná ganha destaque nacional

O espumante deixou de ser uma bebida sazonal. Ainda continua sendo muito consumido em dezembro, em função das festas de final de ano. No entanto, cada vez mais o ele aparece nas festas de casamento, aniversários, eventos corporativos. E também no dia-a-dia do brasileiro, sendo oferecido com mais frequência nos restaurantes.

O fenômeno é explicado pelo aumento no poder aquisitivo da população, que busca produtos com mais qualidade. E no próprio investimento das vinícolas. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), houve aumento de 12,5% no consumo de espumantes de 2009 para 2010. Mas nos últimos cinco anos o crescimento chegou aos 200%. Neste segmento, ainda há muito o que crescer.

O Paraná aparece com destaque entre os mercados consumidores dentro do País, especialmente dos espumantes moscatéis, os mais doces. Diego Bertolini, gerente de marketing da Ibravin, conta que o mercado brasileiro de espumantes é composto 70% pelo produto nacional e 30% de importados.

A Famiglia Zanlorenzi Grupo Vinícola, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, começou a envasar nesta sexta-feira (19) o espumante Baccio, resultado de um investimento de R$ 2 milhões na produção, entre compra de equipamentos, pesquisas, treinamentos e profissionais especializados. A empresa quer justamente apostar ainda mais no mercado de espumantes. O Baccio se tornou o carro-chefe dos espumantes na vinícola.

“Trabalhamos há muito tempo com os produtos derivados da uva. Além do vinho e do suco de uva, entramos para valer no mercado de espumantes. É um mercado que pode crescer 40% ao ano. Hoje, os espumantes nacionais são reconhecidos pelos concorrentes lá fora”, comenta Giorgeo Zanlorenzi, diretor presidente da empresa.

Para se destacar neste mercado em ascensão, a Famiglia Zanlorenzi Grupo Vinícola resolveu investir em um produto diferenciado. Baccio é um espumante com um sabor que agrada os que gostam da bebida mais doce ou mais seca. O segredo está no corte da uva moscato bianco, realçando a acidez do produto. O Baccio já foi premiado em diversas competições de vinhos. Entre elas o Concurso San Francisco International Wine Competition (Estados Unidos), Muscasts du Monde (França) e The International Wine Challenge (Inglaterra), somente neste ano.

“O espumante é a bebida da moda. Antigamente, vendíamos 95% da produção em dezembro. Hoje a concentração ainda é no final do ano, mas a bebida passou a ser muito requisitada em eventos durante todo o ano, em casamentos, aniversários e nos próprios restaurantes”, afirma Zanlorenzi. De acordo com ele, os preços mais acessíveis também conquistaram o consumidor brasileiro. O Baccio, por exemplo, deve chegar ao cliente final com um preço em torno de R$ 20. A vinícola traz a uva da Serra Gaúcha para Campo Largo, onde o produto é processado.

A produção de espumantes e vinhos no Paraná tem se desenvolvido cada vez mais, tanto por pequenas quanto por grandes empresas. A maioria ainda compra a uva no Rio Grande do Sul e produz o vinho no Paraná. No entanto, segundo Diego Bertolini, da Ibravin, já começam a surgir no Estado projetos que vão desde a produção da uva, fabricação do vinho até o envase. “O consumo de vinhos vem crescendo cada vez mais. O mercado de Curitiba e do Paraná vem desenvolvendo este costume, também aliado à gastronomia de qualidade. Também tem o fator cultural, por ser muito próximo às colônias que possuem esta tradição do vinho”, esclarece.

Bertolini lembra que havia muito preconceito com o vinho brasileiro, sempre taxado de baixa qualidade. A indústria passou a investir muito nos últimos 15 anos, alcançando ótimos resultados neste momento. “Os vinhos e os espumantes brasileiros já conseguiram 2,3 mil medalhas internacionais. Hoje, os principais críticos no mundo apontam que o vinho brasileiro foi o que mais evoluiu em pouco tempo. O vinho é considerado um dos melhores da América e o espumante produzido do Brasil é um dos melhores do mundo”, avalia.

O mercado brasileiro de vinhos e espumantes chega a 300 milhões litros, sendo 240 milhões litros de produtos nacionais e 60 milhões importados. Especificamente em vinhos finos e espumantes, a proporção se inverte: 60 milhões de litros são importados e 38 milhões vêm de produtos nacionais.

Dados da Ibravin indicam que o Paraná produziu 101.900 toneladas de uva no ano passando, ocupando o quarto lugar entre os maiores produtores do País, atrás do Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. A produção paranaense está concentrada em 5,8 mil hectares.

Um levantamento recente do Sebrae em conjunto com o Ibravin sobre o mercado de vinho indicou as áreas de interesse enoturístico (turismo associado ao vinho) no Paraná. São elas Colombo, São José dos Pinhais, Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba; Bituruna, na região centro-sul do Estado; Maringá e Marialva, no noroeste; e o bairro de Santa Felicidade, em Curitiba.

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