Faltando pouco mais de um mês para a Páscoa, o consumidor já pode preparar o paladar e o bolso: a indústria de chocolates vem com uma série de novidades este ano -110 lançamentos no total – e apresentando um aumento médio de 10% sobre os preços praticados no ano passado. A produção industrial da Páscoa também cresceu, passando de 18,5 mil toneladas no ano passado para 19,4 mil toneladas este ano, ou seja, incremento de 5%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). As vendas, no nível da indústria, estão estimadas em cerca de R$ 535 milhões -cifra pouco superior ao registrado no ano passado, quando o setor movimentou cerca de R$ 505 milhões.
Otimista, o presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto, afirmou ontem, durante entrevista coletiva da Abicab em São Paulo, que o setor de chocolates vem se recuperando desde o segundo semestre de 2004. "Nos últimos cinco anos, crescemos muito lá fora. Agora, estamos crescendo lá fora e aqui dentro também", disse. O vice-presidente da área de comunicações da entidade, Newton Galvão, admitiu, no entanto, que apesar das boas perspectivas, o setor ainda não está sentindo o crescimento do faturamento em sua totalidade. É que o aumento das vendas – de R$ 505 milhões em 2004 para R$ 535 milhões estimados para este ano, ou seja, cerca de 6% – apenas acompanhou a inflação. "Ainda não estamos sentindo o crescimento da economia na sua totalidade, mas temos certeza que em 2005 já vamos sentir", afirmou.
Com relação ao reajuste no preço dos produtos, a alta dos insumos – como o cacau que subiu quase 70%, e as embalagens, feitas de derivados de petróleo – é apontada como o principal fator.
Empregos
O setor estima que cerca de 24 mil empregos diretos temporários estejam sendo criados na Páscoa 2005: cerca de 12 mil na área de produção – entre setembro de 2003 e março deste ano – e outros 12 mil para a comercialização – período que vai de janeiro a março. Além disso, outros 50 mil empregos indiretos estão sendo previstos. Para o presidente da Abicab, muitos empregos temporários poderão se transformar em efetivos. "Muitos dos temporários vão ficar pelo próprio crescimento da indústria de chocolates", afirmou.
O Brasil é o segundo maior produtor de ovos de Páscoa no mundo, com 19,4 mil toneladas, perdendo apenas para o Reino Unido, que se mantém próximo das 30 mil toneladas. No ano passado, a indústria brasileira produziu entre 100 e 110 milhões de ovos. Em 2004, o mercado de chocolate sob todas as formas (incluindo achocolatados) teve uma produção de 423,2 mil toneladas, 24,8% acima de 2003, o que representa um faturamento da ordem de R$ 4,7 bilhões. O Brasil é o quinto maior produtor de chocolate do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França.
Novidades tentam atrair o consumidor
Na tentativa de atrair um número cada vez maior de consumidores, as fábricas de chocolate não poupam esforços nem investimentos para aumentar a fatia de participação no mercado. A Kraft Foods, detentora da marca Lacta, cuja fábrica está instalada em Curitiba, conta com 35 produtos, sendo 14 lançamentos. Líder do mercado, com 36,1% de participação na Páscoa passada, quando produziu cerca de 20 milhões de unidades de ovos, a Lacta aumentou cerca de sete pontos percentuais de participação no mercado nos últimos oito anos. Para este ano, o crescimento de produção está estimado em 5%.
Sem revelar expectativas de faturamento, o diretor de snacks da Kraft Foods, Anthony Walters, conta que 90% do crescimento de vendas se deve a inovações, como o novo formato do Trakinas. Nesse sentido, está sendo lançado este ano o ovo Sonho de Valsa em formato de coração.
Segundo Walters, quase 85% dos ovos são vendidos nas últimas duas semanas que antecedem a Páscoa. Só a Kraft gerou cerca de 7 mil empregos temporários este ano.
Bolso
Embora a produção de ovos acima de 500g tenha aumentado no ano passado -passou de 6% do total para 12,5% -, são os ovos de tamanho pequeno a médio os mais procurados. Acreditando nessa fatia do mercado, a Arcor produz ovos de até 380g. Para o gerente de produtos da empresa, Carlos Speltri, o giro desses itens é mais rápido. A fábrica, segundo ele, aumentou a produção em quase 15% este ano em relação a 2003.
Na Kopenhagen, a produção este ano foi ainda maior: cerca de 320 toneladas, quase 28% a mais que no ano passado. Para a vice-presidente da Kopenhagen, Renata Moraes, a marca não tem concorrência direta e por isso está crescendo acima do mercado. "Nosso consumidor é seleto, que busca não só chocolate como bom atendimento", afirmou. Na Kopenhagem, o item mais barato para a Páscoa custa R$ 4,00 (Nhá Benta) e o mais caro R$ 1.260,00 – ovo de 10kg.
Na Garoto, que ocupa a terceira posição no mercado, uma das promessas é promover um reajuste menor do que as concorrentes. Segundo a gerente de produto, Mariana Perota, o aumento deve ficar entre 3% e 5%. A Garoto deve colocar no mercado este ano cerca de 30 milhões de ovos, e a produção, já encerrada, é estimada em 5% acima do registrado em 2004.
Na Nestlé, vice-líder do mercado, os preços devem ter incremento de 5% a 10%, segundo a gerente de produtos Fernanda Zanikhowsky. A Nestlé vem com dez lançamentos, um deles o chocolate light, com 25% menos calorias. A produção da Nestlé aumentou em quase 8% este ano. (LS)