Após a queda registrada em abril, a produção e exportação de veículos voltaram a crescer em maio. A aceleração do ritmo de produção coincidiu com o aumento verificado de abril para maio nas exportações de veículos, máquinas agrícolas, motores e componentes. No mês passado, a receita com vendas externas atingiu US$ 896,538 milhões, um acréscimo de 1,7% sobre abril e uma alta de 33,8% em relação ao mesmo mês de 2004.
No mês passado, as montadoras produziram no País 213.421 veículos, um aumento de 4,9% em relação a abril e de 19,2% contra maio de 2004. No acumulado de janeiro a maio, a produção registra uma alta de 15,6% frente ao mesmo período de 2004, com 984.849 unidades. Para 2005, a Anfavea estima que a produção alcance a marca histórica de 2,3 milhões de unidades, um crescimento de 5,4% sobre 2004.
Já as exportações totalizam US$ 4,077 bilhões no acumulado de janeiro a maio, um incremento de 35,4% frente a igual período de 2004. Pelas projeções iniciais da Anfavea, as exportações devem alcançar a marca de US$ 8,9 bilhões em 2005, uma alta de 7% em relação a 2004. No entanto, a entidade já avisou no mês passado que poderia revisar essa estimativa para baixo, caso o dólar se mantivesse num patamar muito inferior ao negociado nos contratos de exportação – por volta de R$ 2,90.
Como conseqüência da apreciação do real frente ao dólar, algumas montadoras já reduziram o ritmo de produção. Esse é o caso da General Motors, que revisou seu programa de exportações para 2005.
Para adequar a produção à nova situação, a montadora reduziu a jornada de trabalho na fábrica de São Caetano no ABC paulista e abriu PDVs (programas de demissão voluntária) nesta unidade e na de São José dos Campos (91 km de São Paulo).
Essa medida, entretanto, não afetou o resultado total da indústria automotiva, que voltou a registrar desempenho positivo em maio.
Vendas internas
As vendas de veículos para o mercado interno subiram 3,9% de abril para maio, com a comercialização de 142.978 unidades. Na comparação com maio de 2004, a alta nas vendas para o mercado interno foi de 16,2%.
Nos cinco primeiros meses do ano foram vendidas 651.637 unidades, um aumento de 10% frente a igual período do ano passado.
Para 2005, a Anfavea estima que as vendas internas atinjam 1,64 milhão de unidades, com um aumento de 4% sobre 2004.
Bicombustíveis
Em maio, pela primeira vez, as vendas de veículos bicombustíveis superaram as de automóveis movidos a gasolina. No mês passado, dos 137 mil veículos comercializados no mercado interno, 49,5% eram bicombustíveis.
Já os veículos movidos a gasolina representaram 43,3% do total comercializado. Os movidos a álcool corresponderam a 2%, e os movidos a óleo diesel, 5,2%.
No ano entretanto, os veículos movidos a gasolina ainda lideram as vendas. Dos 651 mil veículos comercializados no período de janeiro a maio, 56,3% eram movidos a gasolina, enquanto os bicombustíveis foram 36,8%.
Livre comércio com a Argentina só para 2008
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Rogelio Golfarb, já admite a possibilidade de adiar o livre comércio automotivo entre o Brasil e a Argentina. Um acordo fechado entre os dois países prevê a implantação do livre comércio dos dois lados a partir de 2006.
Mas depois da Argentina sinalizar a intenção de restringir a entrada de veículos brasileiros naquele país, passou-se a cogitar o adiamento do livre comércio de 2006 para 2008.
?Somos flexíveis. Não abrimos mão de 2006. Mas se for necessário (adiar), estamos dispostos a negociar desde que haja um plano sólido e uma agenda comum que conduzam ao mercado livre?, disse Golfarb.
Segundo ele, a indústria brasileira sabe da dificuldade para fechar um acordo de livre comércio com a Argentina. ?É claro que o caminho é difícil. A economia da Argentina começa a se recuperar, eles têm uma busca pelo emprego semelhante à nossa e têm preocupação em abrir – o mercado – imediatamente?, afirmou.
Golfarb disse que as negociações entre o Brasil e a Argentina, que deveriam ser encerradas no final do mês passado, foram prorrogadas. ?A agenda deve se estender até o final do ano.?
Para o executivo, o sucesso do livre comércio entre os dois países depende de algumas condições econômicas. ?Precisamos de crescimento econômico sustentável.?