O setor automotivo argentino, que desde 2003 foi a locomotiva da recuperação econômica do país, está em estado de virtual estancamento. Em fevereiro, segundo a Associação de Fabricantes de Automóveis (Adefa), a produção foi de 52.941 veículos, o equivalente a somente 0,1% a mais do que no mesmo mês de 2013. No entanto, a produção do primeiro bimestre foi de 89.097 unidades, com queda de 8,1% na comparação ao mesmo período de 2013.

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A Adefa afirma que existe um clima de “incertezas em relação à futura evolução do nível de atividade”. Por esse motivo, a entidade considera que é prudente esperar o encerramento do primeiro trimestre para fazer previsões sobre o ano.

A indústria automotiva está cautelosa. Motivos existem de sobra, já que em 2013 o setor havia iniciado o ano com expectativas de produzir 900 mil unidades. No entanto, as montadoras fabricaram 791 mil unidades, alta de apenas 3,5% em relação aos 764 mil veículos de 2012.

A indústria automotiva da Argentina sofre a queda nas vendas para o principal mercado externo, o Brasil. No primeiro bimestre do ano, o setor vendeu ao mercado brasileiro 39.986 unidades, volume inferior em 2.816 veículos em comparação com igual período de 2013.

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Segundo a Adefa, “o atual contexto da queda da demanda externa de nossa produção desde o mercado do Brasil reforça a necessidade de trabalhar no fortalecimento do vínculo de longo prazo baseado na especialização e complementação industrial com o país vizinho, principal destino das exportações”.

No primeiro bimestre deste ano, as exportações argentinas de veículos ao Brasil representaram metade do total da produção da Argentina nesse período.

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Mercado interno

Os problemas do setor automotivo argentino também estão sendo causados por um retrocesso no mercado interno gerado pelo aumento dos impostos que o governo da presidente Cristina Kirchner aplica desde 2013 sobre os veículos mais caros. Além disso, o setor sofre a desvalorização do peso que, com a escalada da inflação, gerou um aumento do custo para a importação de autopeças.

O diretor da consultoria econômica Finsoport, Jorge Todesca, sustenta que as vendas no mercado interno teriam em 2014 queda de 32% em relação a 2013. O governo Kirchner deve receber os fabricantes nesta semana para avaliar a situação do setor e eventualmente aplicar uma redução dos impostos.

O setor automotivo argentino passou por diversos altos e baixos nos últimos 15 anos. Em 1998, a produção atingiu a marca de 455 mil veículos, um recorde na época. Mas, logo em seguida, a recessão provocou uma retração no setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.