São Paulo – Setembro foi o terceiro melhor mês da produção da indústria automobilística no Brasil. Dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que em setembro a produção chegou a 202.787 unidades. O melhor mês da história do setor foi outubro de 1997, com 211 mil unidades produzidas, e o segundo melhor foi setembro do mesmo ano, com 204 mil unidades fabricadas.
Rogélio Goldfarb, presidente da Anfavea, atribuiu a alta na produção e nas vendas do setor em setembro ao aumento do consumo e à estabilidade dos indicadores macroeconômicos, como inflação e risco-País. A entidade mantém as projeções para este ano e só reviu para baixo o crescimento da produção de máquinas agrícolas. No início de 2004, a previsão era de um aumento de 5,3% na produção de máquinas agrícolas, mas o setor revisou a alta para 1%, num total de 38.500 unidades.
A produção de veículos em 2004, segundo a Anfavea, deve atingir 2,1 milhões de unidades, 15% a mais do que em 2003. As vendas devem chegar a 1,540 milhão, o que significa uma alta de 7,8% na comparação com 2003. Em setembro, as vendas de veículos subiram 5,5% em relação a agosto e 10,1% na comparação com setembro do ano passado. Foram comercializados no mercado interno em setembro 137.722 veículos nacionais e importados. “Os produtores agrícolas estão mais cautelosos e não compraram muitas máquinas. Eles foram desfavorecidos pelo câmbio e pela queda no preço internacional das commodities, principalmente soja”, disse o executivo.
O consumo aquecido ajuda as montadoras a repassar aumentos de custos. A Anfavea prevê novos reajustes para os próximos meses, por conta de aumentos nos preços de matérias-primas, como o aço. As montadoras têm reajustado seus preços praticamente todos os meses desde o começo do ano. “As siderúrgicas têm um pedido de aumento de 10% a 15% e isso joga para 59% a alta no preço do aço de janeiro até agora. O setor está no vermelho e isso dificulta novos investimentos. O aço está subindo além do poder aquisitivo do brasileiro. As empresas precisam corrigir custos”, disse Goldfarb.
Exportações
Nos próximos meses, a indústria automobilística deve diminuir o ritmo de exportações. Segundo Goldfarb, os países compradores costumam diminuir as encomendas no fim do ano para evitar acúmulo de estoques. Mesmo assim, o crescimento das exportações de automóveis em 2004 será de 36%, o equivalente a US$ 7,5 bilhões.
De janeiro a setembro o setor exportou US$ 5,8 bilhões, o que significa um aumento de 49,5% na comparação com igual período do ano anterior. Entre agosto e setembro as exportações do setor caíram 9,1%. Segundo Goldfarb, alguns navios não conseguiram atracar nos portos da Flórida, nos Estados Unidos, por causa do furacão que atingiu a região.
O presidente da Anfavea não acredita que as negociações com a União Européia para venda de veículos sejam concluídas até o final deste mês, como se previa. A troca de negociadores na União Européia prejudicará a finalização do acordo. Goldfarb disse que a intenção é que seja feita uma carta com os pontos acordados entre as partes até agora.
Goldfarb disse que o acordo com a Argentina deve ser revisto até maio de 2005, conforme prevê o calendário estabelecido pelos dois países, e adiantou que os negócios têm crescido bastante. A participação das vendas de automóveis para o mercado argentino passou de 12,9% de janeiro a agosto de 2003 para 21,2% em iguais meses deste ano. A participação para os países do grupo Andino aumentou de 5% para 7%.
218 mil carros vendidos
O carro bicombustível caiu no gosto do brasileiro. De janeiro a setembro deste ano foram vendidas 218.320 unidades de modelos que funcionam a álcool ou à gasolina no mercado interno. A produção do flexfuel, como é chamado o modelo, começou em março de 2003. No ano passado, a indústria automobilística produziu 48.178 unidades . Segundo Rogélio Goldfarb, presidente da Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil ainda não exporta carro bicombustível mas já está tentando negociar vendas para Índia e China. Os dois países analisam o álcool combustível como alternativa. “O bicombustível veio para ficar e já faz parte do gosto do brasileiro”, afirmou o executivo.
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